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Manifesto para Cidades Ecossistêmicas

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11 de fevereiro de 2021

Find the english version in the end of the article.

Lea la versión en español al final de este artículo.

Atualmente, mais da metade da população mundial está vivendo em áreas urbanas (56% de acordo com o Banco, e estes números seguem aumentando. Ao mesmo tempo, as grandes cidades surgem como lugares que transcendem as fronteiras dos países e desenvolvem sua própria dinâmica. Enquanto a população mundial segue seu ritmo de crescimento parece claro que o papel das cidades no futuro será ainda mais amplo do que é hoje (já é grande enquanto concentra poderes políticos, econômicos e sociais). É necessário e urgente separarmos um momento para refletir sobre como fazer melhores cidades com o “padrão do futuro” certo e transformarmos aquelas que moramos hoje.

O que é uma cidade? Mesmo que existam diferentes maneiras de entendê-las, há dois importantes e especialmente interessantes conceitos para mencionar aqui. O primeiro se refere à cidade como um lugar geográfico e com governo próprio, onde bens e serviços necessários para o desenvolvimento das atividades humanas em uma escala pessoal e coletiva são oferecidos, capaz de ter áreas urbanas e rurais semelhantes.

Em poucas palavras, cidade é um lugar onde acontece o necessário para as atividades humanas. O segundo conceito compreende que as cidades são como um (artificial) ecossistema criado por e a serviço dos seres humanos. O primeiro conceito nos permite abrir discussões interessantes, por exemplo sobre o direito humano inerente à cidade, por isso se torna importante questionar: este direito é cumprido atualmente em nossas cidades?

Entretanto, vamos nos concentrar no segundo conceito. Estamos especialmente interessados em compreender a cidade como um ecossistema artificial a serviço dos humanos. Por quê? Porque isso abre novas questões e conversas.

O que predomina mais em nossas cidades? Humanos. Mas também carros, ruas, edificações e muito concreto. Quem vive em nossas cidades? Novamente, humanos, com nossos animais de estimação, mas também aqueles que nos acompanham involuntariamente, como os ratos, pombos e insetos, todos introduzidos por nós mesmos.

No tocante à flora, há espécies exóticas em nossos jardins e parques, e há também as florestas urbanas que são as mais comuns considerando sua distribuição fragmentada que não se assemelha em nada com a floresta nativa.

Então, é aqui que surge a questão principal: o que já estava por aqui antes de chegarmos? Poucos sabem. Qual a história do território onde vivemos? Não nos ensinam muito sobre. Nós criamos ecossistemas artificias por nossas próprias medidas, mas em troca de quê? A resposta é simples: das wetlands, vales, rios, florestas, ecossistemas naturais e todas as suas espécies. Nossas cidades são construídas sobre coisas que, em algum momento, foram importantes ecossistemas para a manutenção da vida, com um papel crucial nos ciclos naturais da geografia local, então chamo nossas cidades (algumas mais do que outras) de verdadeiros “buracos ecossistêmicos”, porque destruímos realmente tudo que existia e vivia naquele ecossistema para trazer o nosso e desorganizar toda a teia natural que nos cerca nessa agora nova cidade.

A “Restauração”, quando nós falamos sobre biodiversidade e ecossistemas, não é possível. Coisas como a diversidade genética e comportamentos aprendidos transmitidos entre as populações se perdem, não são restauráveis, mas podemos “regenerar” ecossistemas na esperança de que surjam novos comportamentos e nova variedade genética. É por isso que falamos sobre “regeneração ecossistêmica”, o novo desafio no qual as cidades mundiais devem desempenhar um papel crucial.

Atualmente, são debatidos dois principais modelos de cidades sustentáveis do futuro. Em um tudo é densificado, com construções altas (grandes edificações) predominantes e a população é altamente concentrada, de modo a utilizar a menor área possível, permitindo, assim, mais espaço para agricultura e regeneração de ecossistemas naturais. No outro temos a cidade que é descentralizada e dispersa geograficamente, a população se distribui entre grandes áreas “ruralizadas” e procuram harmonizar a infraestrutura com o ambiente natural.

Escolher um ou outro pode ser algo de gosto ou estilo pessoal, mas e se houver um princípio capaz de orientar os dois? As cidades ecossistêmicas são aquelas que, tendo a distribuição que tiver, se responsabilizam pelo ecossistema (natural) onde estão imersas e o incorporam ao planejamento urbano e de infraestrutura. Priorizam soluções baseadas na natureza, como o uso de charcos para reservatórios de água doce, purificadores de esgoto e várzeas (entre outras funções). Priorizam também as florestas urbanas, aumentando áreas verdes e as conectando através de corredores biológicos. Por fim, eliminam pragas exóticas e regulam a posse responsável de animais domésticos, normatizam e estimulam a interação educada e responsável da população humana com a fauna, flora e fungos nativos, entre muitas outras instâncias.

O que está por trás disto é o entendimento de que o ser humano é mais um habitante do território, e, a partir daí, aquele que também deve compartilhá- lo com todas as diferentes espécies que também o habitam, respeitando sua hidrologia (manejo de bacias, degelo glacial e de neve, águas superficiais e subterrâneas), ciclos biológicos e geográficos, sem alteração das suas morfologias.

As cidades ecossistêmicas são uma proposta para abandonarmos nosso antropocentrismo enraizado e adotarmos, através de nossas cidades, uma maior manifestação de humanidade, um ecocentrismo em que a empatia e responsabilidade por todas as formas de vida passam a ser as novas normas.

Nossas cidades, que nos definiram desde o início das civilizações e ao longo de nossas evoluções culturais, e que agora moldam nosso presente e futuro, nos separaram da estrutura da vida na Terra na qual fazemos parte como espécie. Isto está nos chamando, em meio à Crise mundial de Clima e Ecossistemas, para regenerarmos os buracos ecossistêmicos de nossos países e, através disso, regenerar a nós mesmos.

Evolua em direção a uma nova humanidade.

Quem mora na sua cidade?

Para quem é a sua cidade?

Para quem você quer que seja?

O que foi antes da sua cidade chegar?

Quem foi abandonado?

Portanto, quais opções existem para o seu futuro?

English version:

Preface to manifest of an ecosystemic city

When more than half of the world population is currently leaving in urban areas (56% according to the World Bank), and keeps going up, at the same time that huge cities emerge as places which transcend countries’ frontiers and develop their own dynamics, and while world population keeps growing, it seems clear that the role of future cities will be even broader than today (which is already big concentrating political, economic, and social powers), therefore is urgent and necessary to take a moment to reflect about how to make better cities with the right “future’s standard” and on towards what to transform the ones we inhabit today.

What is a city? Even though there are different ways of understanding them, there are two important and specially interesting to mention; the first one refers to a city as a geographic place, with territorial governance, where the necessary goods and services for developing human activities in a personal and collective scale are offered, able to have urban and rural areas alike.

In simple words, a place where the necessary for human activities happen. The second one is the understanding of cities as an (artificial) ecosystem created by and in total service of humans. The first understanding allows to open interesting discussions like the human right to the city, therefore is important to mention it, is this right currently fulfilled in our cities?, but we’ll focus in the second one. We are specially interested in the understanding of the city as an artificial ecosystem in humans’ service, why? Because this opens new questions and conversations.

What predominates in our cities? First, humans, but also cars, streets, buildings, and a lot of concrete. Who live in our city? Again, humans, along with our domestic pet animals, but also those that unwillingly accompany us, rats, pigeons, and insects that we have introduced.

About the flora, exotic species in our gardens, in parks, and urban forests are the main ones, considering their fragmented distribution that resembles nothing to forests too.

So it is here that the main question arises, what was here before our city arrived? … Very few know. What is the history of the territory where we live in? We are not taught much. We have created artificial ecosystems to our measure but in exchange of what? The answer usually is of wetlands, valleys, rivers, forests; natural ecosystems and all their species. Our cities are built upon once important ecosystems for livelihood with a crucial role in natural cycles of the geography of the place, so I call our cities (even though some more than others) true “ecosystemic holes” because we have really destroyed everything that once was and lived in that ecosystem, to bring ours and disrupt the whole natural web surrounding our now new city.

“Restoration” when we talk about biodiversity and ecosystems is not possible, things as the genetic diversity and learnt behaviors passed among populations are lost with them, are not restorable, can never be recovered, but we do can “regenerate” ecosystems in hope that new genetic diversity and new behaviors arise. That is why we talk about “ecosystemic regeneration” which is the new challenge where the world cities must play a crucial role.

Currently, two main models are discussed for the sustainable cities of the future, one where everything is densified, where high construction (big buildings) predominates and a highly concentrated population, as a way to use less possible area as possible allowing more place for agriculture and regenerating natural ecosystems, and another one where city decentralizes and disperses geographically, population loads are distributed among bigger “ruralized” areas and infrastructure is harmonized with the natural environment.

To choose one or the other can be something of personal taste or style, but what if there is a principle capable of guiding both? The “ecosystemic cities” are cities which, having any distribution, take responsibility for the (natural) ecosystem where they are immersed and incorporates it to their urban planification and infrastructure; prioritize nature based solutions like wetlands’ use for freshwater reservoirs, sewage scrubbers, and floodplains (among other functions), prioritize native urban forests, increases green areas y connect them through biological corridors, eliminate exotic pests and regulate responsible possession of domestic animals, norm and encourage responsible and educated interaction of humans with native fauna, flora and fungi, among many other things.

What is behind all of this is to understand us humans as one more inhabitant of the territory and, because of that, one that also has to share it with all different species that are its inhabitants too, and respect its hydrological (watersheds management, melting of glaciers and snow, surface and groundwater), biological, and geographic cycles, with no altering of its morphologies.

Ecosystemic cities are a proposal for abandoning our rooted anthropocentrism and adopt, through our cities as our biggest manifestation of our humanity, an ecocentrism where empathy and responsibility for all life forms becomes the new norm.

Our cities that have defined us since the beginning of our civilizations, all along of our cultural evolutions, and now cast our present and futures alike, have separated us from the fabric of life on Earth to whom we are part of as a species, so this is calling us, right in the middle of the world Climate and Ecosystems Crisis, to regenerate our cities, regenerate the ecosystemic holes of our countries, and through this, regenerate ourselves too.

Evolve, towards a new humanity.

Who live in your city?

To whom is your city for?

For whom you want it to be for?

What was before your city arrived?

Whom were left behind?

Therefore, what options are there for its future?

Versión en español:

Prefacio de manifiesto de una ciudad ecosistémica

Cuando más de la mitad de la población humana mundial se encuentra viviendo en zonas urbanas (56% acorde al Banco Mundial)y continúa aumentando, a la vez que aparecen gigantescas urbes como espacios que trascienden fronteras de países y desarrollan sus propias dinámicas, mientras la población total sigue creciendo, se hace evidente que el rol de las ciudades en el mundo del futuro será aún mayor al que cumplen hoy en día (que ya es grande concentrando los poderes políticos, económicos y sociales), por lo que resulta necesario y urgente detenernos a reflexionar sobre cómo hacer mejores ciudades a la altura “del futuro” y hacia qué transformar las que hoy habitamos.

¿Qué es una ciudad? Si bien hay distintas formas de entenderlas, hay dos importantes especialmente interesantes de mencionar; la primera habla de la ciudad como un espacio geográfico, con organismos de gobernanza territorial, donde se ofrecen los bienes y servicios necesarios para desarrollar las actividades humanas en una escala tanto personal como colectiva, pudiendo comprender espacios tanto urbanos como rurales.

En palabras sencillas, un espacio donde se desarrolla lo necesario para la actividad humana. Y la segunda, es el entendimiento de las ciudades como un nuevo ecosistema (artificial) creado por el ser humano al servicio completo de este. La primera permite abrir interesantes discusiones como la del derecho humano a la ciudad, por lo que no hay que dejar de mencionarla, ¿se cumple este derecho actualmente en nuestras ciudades?, nos enfocaremos, sin embargo, en la segunda.

Nos interesa especialmente el entendimiento de la ciudad como un ecosistema artificial al servicio del ser humano, ¿por qué? Porque esto abre nuevas preguntas y conversaciones.

¿Qué es lo que predomina en nuestras ciudades? Lo primero, personas, pero también autos, calles, edificios y mucho cemento. ¿Quiénes viven en nuestras ciudades? Nuevamente, personas, junto a nuestros animales domésticos de compañía, pero también aquellos que nos acompañan involuntariamente, ratones, palomas e insectos que nosotros mismos introducimos.

En cuanto a la flora, especies exóticas en nuestros jardines, en los parques y en el arbolado público son lo principal, considerando también su disposición fragmentada que en nada recuerda a bosques.

Aquí surge la pregunta principal, ¿qué había antes de que llegara nuestra ciudad? … Pocos lo saben, ¿cuál es la historia del territorio sobre el que vivimos? Poco nos lo enseñan. Hemos creado ecosistemas artificiales a nuestra medida ¿pero en reemplazo de qué? La respuesta suelen ser humedales, valles, ríos, bosques; ecosistemas naturales y todas sus especies. Nuestras ciudades están construidas sobre lo que alguna vez fueron importantes ecosistemas de sustento de vida con un rol crucial en los ciclos naturales de la geografía del lugar, y yo llamo a nuestras ciudades (aunque algunas más que otras) verdaderos “hoyos ecosistémicos”, porque destruimos realmente todo lo que alguna vez fue y vivió en ese ecosistema, para traer el nuestro y disrumpir todo el entramado natural en torno a nuestra ahora nueva ciudad.

La “restauración” cuando hablamos de biodiversidad y ecosistemas no es posible, cosas como la diversidad genética y los comportamientos aprendidos traspasados entre poblaciones se pierden con ellas, no son restaurables, no se recuperan jamás, pero sí podemos “regenerar” los ecosistemas con la esperanza de que nueva diversidad genética y nuevos comportamientos se produzcan. Por esto hablamos de “regeneración ecosistémica”, y que esta, es el nuevo desafío donde las ciudades del mundo deben jugar un rol crucial.

Actualmente se debaten dos principales modelos de ciudad sostenible del futuro, aquella donde está todo densificado con predominante construcción en altura (grandes edificios) y una alta población concentrada, de modo de usar la menor cantidad de superficie posible y así permitiendo mayor terreno para la agricultura y regenerar los ecosistemas naturales, y aquella donde la ciudad se descentraliza y dispersa geográficamente, se distribuyen las cargas que genera la población humana en mayores áreas “ruralizadas” y se procura armonizar la infraestructura con su medio natural.

Inclinarnos por una o la otra puede ser algo de gustos o estilos, pero, ¿y si hay un lineamiento capaz de guiar a ambas? Las “ciudades ecosistémicas” son aquellas donde la ciudad, tenga la distribución que tenga, se hace cargo del ecosistema donde está inmersa y lo incorpora a su entramado urbanístico y a su infraestructura; prioriza las soluciones basadas en la naturaleza como el uso de humedales como reservorios de agua dulce, depuradores de aguas residuales y parques inundables, entre otras funciones, prioriza el arbolado público nativo, aumenta las áreas verdes y las conecta a través de corredores biológicos , elimina las plagas exóticas a la vez que regula la tenencia responsable de animales domésticos, y norma y fomenta la interacción responsable y educada de la población humana con la fauna, flora y funga nativa, entre muchas otras instancias.

El trasfondo es entender al ser humano como un habitante más del territorio y que, por lo tanto, debe compartirlo con el resto de las especies que también lo habitan y respetar los ciclos hidrológicos (comportamiento de las cuencas, deshielos, aguas superficiales y subterráneas), biológicos y geográficos de él, ni alterar sus morfologías.

Es una propuesta para dejar atrás nuestro arraigado antropocentrismo y adoptar, a través de nuestras ciudades como mayor manifestación de nuestra humanidad, un ecocentrismo donde la empatía y responsabilidad con las demás formas de vida sea la nueva norma.

Las ciudades que nos han definido desde nuestros inicios como civilizaciones, que nos definieron a lo largo de nuestras evoluciones culturales, y que ahora moldean nuestros presentes y futuros, nos han separado de la trama de la vida en la Tierra a la que pertenecemos como especie, y esto nos llama, en plena Crisis Climática y de los Ecosistemas mundial, a regenerar nuestras ciudades, regenerar los hoyos ecosistémicos de nuestros países y, a través de esto, regenerarnos a nosotros mismos.

Evolucionar, hacia una nueva humanidad.

¿Quiénes viven en tu ciudad?

¿Para quién es tu ciudad?

¿Para quién quieres que sea?

¿Qué había antes de que llegara tu ciudad?

¿Quienes quedaron fuera?

Entonces, ¿qué opciones hay para su futuro?

Juanjo Martins
Cofundador e Presidente da ONG Cverde
Ativista chileno, cofundador e presidente da ONG Cverde. Fundou e liderou o projeto Operaciones Cverde que ganhou o Prêmio Nacional do Meio Ambiente do Chile e recebeu duas vezes o reconhecimento no Prêmios Latinoamérica Verde. Primeiro Jovem Negociador do Chile para processos COP e Coordenador Geral para COY15. Eleito Bilhete Verde pelo Secretariado das Nações Unidas para as Palestras sobre o Clima. Global Changemaker e vencedor do Prêmio Diana.