BLOG

Voluntariado como solução

Compartilhe agora mesmo:

Facebook
LinkedIn
WhatsApp

03 de setembro de 2020

“Sou voluntário!”. Quem pode dizer isto, certamente, exibe um sorriso no rosto, com uma mistura de orgulho e humildade, por sentir-se honrado/a em ajudar a vida de outras pessoas em aprender mais sobre elas toda vez em que pratica a solidariedade.

A pandemia trouxe à humanidade um cenário diferente, e sobre as infinitas possibilidades de discussões acerca disso, quero focar na necessidade das pessoas em serem solidárias, com os outros e consigo mesmo. Trabalhar para o bem do próximo, preocupar-se com o outro – altruísmo – e consigo próprio, com seu desenvolvimento como pessoa, sua humanidade e capacidade de doar-se pode ser a revolução que nós precisamos para superar e solucionar os maiores problemas que enfrentamos hoje.

Desenvolvimento pessoal, o seu bem-estar pode transformar não apenas a sua, mas a vida de outras pessoas.

É cientificamente comprovado que a solidariedade deve trazer benefícios físicos e mentais. Uma pesquisa feita pela Universidade de Michigan (EUA) comprovou que os hormônios liberados pela prática do voluntariado, ou qualquer ato útil a outra pessoa, como a oxitocina – regulador da interação social -, aumentam quando praticado regularmente, o que torna o voluntário mais hábil a gerenciar eventos estressantes.

Para indivíduos com mais de 50 anos, que praticam mais de 200 horas de voluntariado ao ano, o risco de hipertensão diminui. Certamente é difícil acreditar que pessoas que passaram por várias etapas da vida, como conquistas, aposentadoria, interações sociais, o cuidado de filhos e outras pessoas, consigam permanecer saudáveis estando “inativas”, de acordo com Rodlescia Sneed, pesquisadora associada à saúde pública da Michigan State University.

Sneed também evidencia a teoria que afirma que é benéfico focar sua concentração em uma realidade diferente da sua, como se ao sair da sua “bolha” você deixasse de ver seus problemas como exageradamente preocupantes ou graves, visto que passou a conhecer outros cenários de necessidade, por exemplo, de pessoas que lutam por comida à mesa, por uma boa educação ou contra doenças graves. “Em meu próprio trabalho, pude notar melhorias em fatores como sintomas depressivos, propósito na vida e sentimentos de otimismo.” fala a pesquisadora. Então, vamos caracterizar um pouco cada um desses pontos.

Se digitado “mal do século” no Google será possível identificar que esta expressão foi criada por Chateaubriand – escritor romântico francês – quando se referia à crise de crenças e valores desencadeada na Europa no século XIX, mas, ao descer a página, também haverá artigos e notícias os quais nomeiam a depressão, a ansiedade ou o estresse como “o mal do século”, que no caso é o nosso, o XXI.

Sem entrar a fundo nas razões e consequências que esses fatores desencadeiam, sabemos que são doenças, portanto, nos afetam negativamente e influenciam em todos os aspectos de nossa vida, relacionamentos, profissional, desenvolvimento pessoal etc.

Propósito. Esta palavra talvez esteja na lista das mais usadas e, de certa forma, sucateada por ser utilizada em várias situações do dia a dia. De forma simples, é a vontade de realizar e/ou alcançar uma meta – é até mais que isso, por normalmente estar atrelada às suas características pessoais, o que você particularmente almeja, quais problemas te inquietam – ou um sonho – porque não fica na utopia, não é apenas uma vontade ou que faz brilharem seus olhos, é algo colocado em prática.

E o otimismo, que, quando ilustrado em imagem, normalmente tem a característica física de alguém sorrindo. O sorriso. Há pessoas que trabalham só para vê-lo no rosto de alguém. Você já ouviu falar em palhaçaria hospitalar? ONGs parceiras da FreeHelper como a TIA – Terapia Intensiva de Amor -, Cia dos Clownaticos e Nariz Solidário são algumas das que trabalham pelo sorriso, alegria, desenvolvimento, arte, interação e leveza às pessoas que experimentam grandes sofrimentos enquanto passam por tratamentos, sendo esse trabalho parte essencial para algumas recuperações.

Porque, enquanto você sorri, libera-se endorfina – reduzindo o estresse, estimulando o sistema imunológico, aumentando o número de anticorpos e, consequentemente, melhorando sua resistência a doenças. Os palhaços e os pacientes aprendem a ver o lado bom da vida e o otimismo é contagiante.

A vida corporativa combina com o voluntariado

A ASID, que é outra ONG parceira da FreeHelper, fez um estudo realizado com colaboradores que participavam frequentemente de projetos voluntários em que foi identificada uma melhora nas seguintes áreas: trabalho em equipe (14,9%); organização (11.6%); proatividade (11,4%); comunicação (10,7%); relacionamento interpessoal (10,1%) e planejamento (8,29%). Em resumo, são visíveis as mudanças e desenvolvimento dos chamados Soft Skills, qualidades comportamentais, que hoje em dia têm se tornado tão, senão mais, importantes que as habilidades técnicas que você adquire em sua carreira.

Não é incomum encontrar vários depoimentos nas mídias sociais ou artigos que retratam os benefícios do voluntariado, que, indo além dos já citados, também mencionam uma ampliação da visão de mundo e criação de outros relacionamentos que não os normais do dia a dia – família, trabalho ou faculdade, por exemplo.

Porém, gostaria de chamar atenção a um ponto específico: fala-se tanto dessa visão positiva do voluntariado que se esquece que haverá, também, momentos que desmotivem o voluntário ou que mostrem um choque de realidade tão duro que o faça sentir que isso não é para ele. Totalmente normal. Na verdade, é essencial que isso aconteça porque é a verdadeira tradução da expressão “sair da sua zona de conforto”, e, como dizem os especialistas, é só assim que se pode crescer e desenvolver dentro do voluntariado.

Agora, voltando para o assunto dos benefícios para a vida corporativa, a sua empresa sabe sobre os ganhos que os colaboradores têm quando praticam voluntariado e incentiva-os à atividade?

O trabalho voluntário proporciona benefícios a todas as partes envolvidas. Desse modo, as pessoas se tornam mais proativas e capazes de desenvolver espírito de liderança. Porque, assim como várias empresas procuram dar benefícios que envolvem desde desconto para a prática de atividades físicas até guloseimas liberadas no ambiente de trabalho, elas têm o intuito de motivar seus colaboradores a um ambiente agradável e feliz no trabalho, pois assim são mais produtivos e trabalham melhor.

Vemos o mundo hoje, ou parte dele, dando mais importância às questões de impacto socioambiental positivo, sustentabilidade e qualidade de vida – não só a estas questões em si, mas o que elas trazem e representam – que se torna inteligente a empresa fazer mais acessíveis as oportunidades de voluntariado aos seus colaboradores.

São desenvolvimentos mercadológicos e humanitários que estão em jogo, como pontuou o estudo, antes citado, da ASID. E, além disso, podem frutificar mais vínculos entre aqueles que estão se envolvendo nas ações, tornando as pessoas mais empáticas e aptas a solucionarem problemas estressantes dentro do trabalho também.

Os países crescem quando seus cidadãos são voluntários

O World Giving Index, Ranking Mundial de Solidariedade, realizado pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) no Brasil, mede os principais indicadores de solidariedade em 146 países, e foca em três ações: ajuda a um estranho, doação em dinheiro e doação de tempo – o qual se encaixa o voluntariado.

É interessante verificar que os resultados podem ser vistos como uma perspectiva, visão dos aspectos culturais, econômicos e governamentais de um país e ainda ajudam organizações sem fins lucrativos a entenderem o cenário em que estão inseridas, bem como a quantidade de empenho que terão para estimular mais a cultura da solidariedade e do crescimento coletivo, segundo um artigo sobre o tema escrito pela Fundação Telefônica Vivo.

No Brasil a situação poderia ser mais favorável se enxergássemos “a doação como um ato de cidadania e transformação social.” “Precisamos sensibilizar os cidadãos para o papel das organizações da sociedade civil e a importância de traçar um paralelo entre o que a gente quer que mude e o nosso apoio a uma causa”, afirmou Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

A UN Volunteers, organização da ONU que visa a paz e o desenvolvimento através do voluntariado em todo o mundo, afirma que é necessário evidenciar o voluntariado como direito, que exige capacidade, das pessoas a participarem do próprio desenvolvimento, sendo bom para os países, governos e cidadania. Ela evidencia também que só quando se envolve a sociedade civil e os jovens para aprofundar o impacto que programas de paz e desenvolvimento têm potencial.

Concordo com a ideia que se tem da solidariedade como uma ferramenta, prática ou valor. Independentemente de como queira chamá-la, ela nos protege de crises de saúde e econômicas. O nosso mundo é interligado, as pessoas são interdependentes, só prosperaremos quando andarmos juntos, nos amparando como seres humanos, cada um com suas fortalezas e suas fraquezas.

Nesse momento de hiperconectividade – muitas informações e muitas causas – para ajudar é necessário, antes, estar bem consigo mesmo. Para que possamos chegar às soluções, é preciso envolvimento e desenvolvimento. E o voluntariado está sempre de braços abertos, mostrando que o mesmo esforço que você doa é devolvido a você.

Fazendo parte do time de voluntários da FreeHelper você pode praticar suas habilidades profissionais e adquirir outras. Cadastre-se em nosso site e receba as vagas que vão de acordo com sua área de atuação.

Faça a diferença.

Amanda Ampessan Cavali
Analista de Projetos na FreeHelper
Formada em Relações Internacionais pela Unicuritiba. Cursa MBA em Gestão de Negócios de Impacto Social na Universidade Positivo. Sempre se envolveu com atividades de voluntariado e hoje é líder de projeto no Youth Action Hub Brasil.