Você já se perguntou da onde surgiu a ideia de trabalho voluntário?
Muito provavelmente o voluntariado é algo presente em sua vida: você conhece alguém que faz ou já fez, você mesmo já pensou em fazer ou faz. Contudo, de onde é que tudo isso surgiu?
O começo
Quando eu comecei a pesquisar sobre esse assunto, eu realmente não achei que fosse encontrar muito material. Acho que esperava que a história do voluntariado se confundisse com a própria história do gênero humano.
Naturalmente, minhas suspeitas se confirmaram, uma vez que os primeiros relatos referentes ao voluntariado surgiram conjuntamente com os primeiros registros da época comumente designada Antiga.
Existem fontes que apontam que o trabalho voluntário era fortemente recomendado à população egípcia como uma forma de justiça social. Já entre os romanos, fontes históricas apontam que no momento da divisão social da sociedade atribuía-se um dever de auxílio daqueles mais abastados para com os mais necessitados.
Foi só mais tarde, com o surgimento da Igreja Católica, que a história do trabalho voluntário como conhecemos atualmente no mundo ocidental começa a tomar forma, mais precisamente por volta do século I.
Enquanto pesquisava, pude observar que essa instituição apresenta como elemento ideológico fundante a caridade, tendo sido pautadas, desde o seu início, ações voltadas ao acolhimento de indivíduos em situação de necessidade. Ações que, por exemplo, destinavam-se à criação de casas para amparo de pessoas carentes.
Essa predominância da Igreja Católica, ao menos na Europa, no que diz respeito à ajuda à população necessitada, fez-se presente até o fim da Idade Média, uma vez que com a chegada da Idade Moderna e de outras instituições religiosas de cunho não-católicas, no caso, as igrejas Protestantes, ampliou-se de forma considerável a abrangência do voluntariado.
Voluntariado no presente
A partir da idade Contemporânea podemos perceber que passou a ocorrer um afastamento das instituições religiosas da prática do voluntariado e pessoas da sociedade civil começaram a articular novas formas de praticar o trabalho voluntário.
Um exemplo bem interessante que eu pude encontrar é uma associação de voluntariado criada na Inglaterra em 1855 chamada “YWCA – The World Young Women’s Christian Association” (em tradução livre, Associação Mundial de Mulheres Jovens Cristãs).
A YWCA é uma organização formada por mulheres cristãs, que buscava auxiliar e amparar mulheres na efervescência da Revolução Industrial, e logo expandiu-se para outros locais da Europa e também dos Estados Unidos.
É muito intrigante pensar que uma organização nascida há 165 anos continua na ativa! Além disso, que ainda se mantém ativa à busca pela igualdade social enquanto atua através de estudos e amparos aos indivíduos que as procuram.
Ainda, observar o papel que as mulheres desempenharam durante esses momentos históricos é muito importante, afinal, revela um papel de diligência e liderança que, de fato, culminaram em impactos sociais relevantes para seus contextos sociais do final do século XIX até os dias de hoje.
Foi a partir do século XX, então, que começou a ser percebido o divórcio definitivo entre a caridade e o voluntariado, uma vez que, embora tenham as duas a mesma raiz (a vontade de auxiliar as pessoas que precisam), entenderam que o trabalho voluntário não precisava se filiar a qualquer motivação religiosa, tornando-se laico, portanto.
Nessa mesma época surgiram também as grandes organizações globais, como o Rotary Internacional e o Corpo da Paz, nomeando apenas alguns dos mais famosos.
O Corpo da Paz foi criado em 1961 por ninguém mais, ninguém menos do que o Presidente John F. Kennedy. Embora seja uma agência federal independente, ela apresenta algumas limitações, como, por exemplo, o fato de apenas cidadãos americanos poderem participar de suas missões nos 61 dos países em que a organização independente atua.
Um ponto notável sobre o exército da paz é que a esmagadora maioria dos seus voluntários opta por entrar após sua formatura universitária, porque é considerada uma boa forma de incrementar o currículo ao passo que pratica boas ações perante outras culturas. Várias personalidades da mídia e da política americana fizeram o mesmo.
Já o Rotary Internacional, extremamente famoso no Brasil, atua a partir de voluntários de nacionalidades diversas que buscam atuar diretamente nas comunidades locais. Com sua visão global, hoje há milhares de sedes espalhadas ao redor do mundo.
Também merece destaque um advento da modernidade tem mudado tudo: a internet! Com a rede mundial de computadores, agora é possível, de uma forma muito mais democrática e acessível, que qualquer indivíduo com uma boa ideia e uma boa intenção consiga articular uma imensa rede de apoio, valendo-se de um computador ou mesmo um simples telefone celular com acesso à internet para iniciar suas práticas de organização para um voluntariado, com a construção de sites ou mesmo com publicações em fóruns da internet.
As redes sociais, ainda na esteira da tecnologia, são mais algumas aliadas do voluntariado, já que conseguem espalhar cada vez mais uma ideia inicial. Também é interessante perceber como as redes sociais acabam por horizontalizar as dinâmicas do trabalho voluntário, já que, dessa forma, sem hierarquias, as pessoas acabam se sentindo mais confortáveis para construir coletivamente.
Além disso, as redes sociais têm a vantagem de aproximar, dentre seus usuários, pessoas de todas as faixas etárias, classes sociais, gêneros e de diferentes backgrounds que, ao se reunirem, interagem de forma orgânica, o que talvez seja uma tarefa muito mais complexa de acontecer pessoalmente.
Ou seja: as redes sociais nos permitem furar a bolha social da vida não virtual e ampliar a abrangência da divulgação de missões, metas e objetivos.
Não só isso, mas também a simplicidade de não ser necessário que determinada prática de trabalho voluntário esteja atrelada a algum tipo de organização institucionalizada.
Isto é, diferentemente do voluntariado anterior à era da internet, que se engendrava sob determinadas burocracias, com cadastros, prazos para inscrição e diligências afins, oriundas da própria lógica das instituições, na atualidade é possível fugir dessa lógica, a partir de formas de operacionalização mais ágeis e eficientes, desconectadas desses hábitos antiquados e contraproducentes. Através de poucos cliques já é possível conectar quem quer ajudar a quem está à frente do projeto, acelerando todo o processo.
A verdade é que seja no passado, seja no futuro, o trabalho voluntário sempre esteve associado ao gênero humano, o qual busca auxiliar o próximo através de ações locais dentro de sua própria comunidade: a diferença é que hoje em dia é uma instituição em si mesma, com inúmeras frentes de atuação e com a organização necessária para expansão.
Se o voluntariado para você ainda é algo distante, experimente se cadastrar na FreeHelper e ajudar quem mais precisa com aquilo que você tem de melhor: seu conhecimento! Quer saber mais? Cadastre-se aqui!