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Quem é afetado pela COVID-19

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02 de abril de 2020

No momento em que escrevo este artigo, o COVID-19 já alcançou 189 países/territórios e infectou 334.981 pessoas, matando 14.653 destas.

É evidente que a humanidade não estava pronta para lidar com uma pandemia e que a chance de ela sair do nosso controle é significativa. Mas você já sabe disso. Em vez de focar nos números, quero chamar sua atenção aos grupos que se encontram mais vulneráveis neste momento de crise. Como de costume, esses grupos são deixados para trás. Aqueles que são mais afetados por problemas de saúde global são os mesmos que são esquecidos pelos principais canais de mídia e por muitos líderes de Estado.

Refugiados e Pessoas Deslocadas

Em 17 de março, 10 casos de coronavírus haviam sido reportados entre refugiados. Todos estavam na Alemanha, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). No entanto, não há materiais para testes o suficiente nos campos de refugiados, o que dificulta chegar à uma estimativa correta dos casos. De qualquer forma, COVID-19 vai atingi-los. É uma questão de tempo. Andrej Mahecic, um porta-voz da ACNUR, quando se referiu a pandemias passadas, disse que os governos deveriam incluir refugiados e pessoas deslocadas nos seus planos para conter o vírus. Providenciar kits de higiene, roupas de proteção, acesso a saneamento e treinamento para pessoas que trabalham no setor da saúde são algumas formas de incluir este grupo nos nossos esforços, já que as principais medidas de prevenção recomendadas (distanciar-se socialmente e lavar as mãos constantemente) são impossíveis para refugiados.

Pessoas em Situação de Rua

Com baixo acesso à informação e a serviços básicos de saúde, pessoas em situação de rua serão fortemente afetadas pela atual crise. Comprar álcool em gel está fora de questão, já que alimento e água são prioridades. Distanciamento social é difícil, considerando que a maioria dos abrigos estão cheios e muitos já atingiram sua lotação máxima. Em países sem um sistema universal de saúde (como os Estados Unidos), pagar por um teste ou por exames médicos também está fora de questão. Com os cafés e restaurantes fechados pela quarentena, lugares para lavar as mãos também são escassos. Para aquelas pessoas que não apenas estão em situação de rua, mas também fazem parte de outros grupos de risco (idosos e doentes crônicos), a situação é ainda mais arriscada. Prestar atenção àqueles que estão nas ruas e se esforçar para dar a eles acesso a serviços básicos de saúde e higiene é essencial em nossa luta contra um maior contágio pelo coronavírus.

Migrantes detidos

Migrantes detidos nas fronteiras estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de contrair o vírus. Recentemente, a Quartz publicou um artigo que ilustra essa preocupação: 51 migrantes detidos em Massachusetts, EUA, assinaram uma carta a qual dizia ter sido a US Immigration and Customs Enforcement (ICE) quem as colocou em risco. No lugar onde ficaram detidas, essas pessoas dormem em beliches com menos de um metro de distância entre elas. A carta cita também, por exemplo, que profissionais médicos admitiram 30 dias serem o suficiente para infectar todas as pessoas. Isso nos faz questionar o preparo e a capacidade do ICE de lidar com a pandemia. Implementar medidas que possam reduzir o risco para os detentos é uma necessidade urgente.

Idosos

Pessoas com mais de 60 anos também constituem um grupo vulnerável. Para elas, serem infectadas com o vírus implica um maior período de hospitalização, bem como uma maior taxa de mortes. Os idosos devem ser encorajados a permanecerem em casa, lavarem as mãos com frequência, evitarem contato próximo com outras pessoas e viagens. Se você vive com uma pessoa idosa, ajude a manter a casa limpa e esterilizada e evite demonstrações físicas de carinho, especialmente se você não puder ficar em casa durante o período de pandemia.

Profissionais da área da saúde

Profissionais da área da saúde são expostos a todos os tipos de doenças todos os dias. Eles são também, portanto, um grupo mais vulnerável ao coronavírus. O risco para esse grupo aumenta à medida em que mais pessoas são infectadas e precisam ser hospitalizadas. Por isso, se você tiver sintomas, ligue para um profissional de saúde antes de ir ao hospital. Se possível, peça que ele lhe disponibilize o teste em casa. Tomar outras medidas de precaução, especialmente o distanciamento social, também ajuda a achatar a curva de infecções, e impede os hospitais de chegarem à sua capacidade máxima de lotação.

Pessoas com doenças crônicas

Doenças crônicas incluem: doenças graves nos pulmões, asma moderada ou severa, doenças no coração e obesidade severa. Pessoas em risco também incluem aquelas com doenças autoimunes, que passaram por um tratamento contra o câncer, transplante de órgãos ou medula óssea, portadoras do HIV e fazem uso de corticosteroides e outros medicamentos que enfraquecem o sistema imunológico. Para esse grupo, recomenda-se que tenha todas os medicamentos necessários em casa, para lidar com o vírus rapidamente em caso de infecção.

O que podemos fazer?

1. Fique em casa.

Este é um grande privilégio. Se você pode, fique em casa. Se você não pode interromper seu trabalho, considere se adaptar ao “home office”: agende reuniões online e trabalhe em seu computador pessoal.

2. Faça uma doação.

Especialmente se puder ficar em casa, você não vai sair muito com os amigos, certo? Que tal doar o dinheiro que você gastaria aos finais de semana?

● A United Nations Foundation, juntamente com a Swiss Philanthropy Foundation, criou o Solidarity Fund (“Fundo da Solidariedade”), para apoiar a Organização Mundial da Saúde na contenção do vírus.

● A ACNUR abriu um fundo de emergência para investir na proteção de refugiados.

Aqui no Brasil, as seguintes iniciativas podem interessar:

● A FreeHelper, startup social que atua em todo o Brasil conectando voluntários profissionais a ONGs dos mais diversos setores, segue agora mais que nunca recrutando doadores de tempo e conhecimento e divulgando em suas redes sociais e banco de dados todas as demandas –profissionais e sociais/financeiras – de suas organizações parceiras para superar a crise.

● Em São Paulo, a Uneafro criou uma campanha para dar apoio a famílias de pessoas negras e pobres e a Somos Todos Heróis desenvolveu uma iniciativa para arrecadar dinheiro e comprar materiais médicos para doar aos hospitais.

● No Rio de Janeiro, o Instituto Ekloos, juntamente com Instituto Phi e o Banco da Providência, criou a “Rio Contra Corona”, uma campanha de arrecadação e distribuição de itens de higiene, limpeza e alimentos às comunidades do Rio de Janeiro.

● Em Florianópolis, o ICOM (Instituto Comunitário Grande Florianópolis) abriu um fundo para providenciar acesso a alimentos e produtos de higiene às comunidades em áreas socialmente vulneráveis.

3. Empatize.

Esta crise é uma oportunidade única de empatizar com aqueles mais afetados por ela. Neste caso, a empatia só vale com ações que dão suporte àqueles que sofrem. Logo, empatize com os grupos mencionados neste texto praticando o distanciamento social, lavando suas mãos constantemente e cuidando da sua saúde mental.

Yasmin Morais
Global Changemakers´s Program Manager
Yasmin ama usar suas habilidades e recursos para criar um mundo melhor. Ela gerenciou diversos projetos que vão de educação à inclusão e igualdade de gênero em diferentes países. Atualmente, ela trabalha como gerente de programas na Global Changemakers, ajudando outros jovens a criar e implementar projetos impactantes em suas comunidades! Yasmin is passionate about using her skills and resources to create a better world. She has managed diverse projects ranging from education to inclusion and gender equality in different countries. Currently, she works as a Programmes Manager at Global Changemakers, helping other young people to create and implement impactful projects in their communities as well!