14 de janeiro de 2021
Você sabia que o nosso cérebro só amadurece completamente em torno dos 25 anos de idade? E que se estima que 100 bilhões de neurônios estão prontos para formar suas primeiras conexões assim que nascemos?
O ser humano é o único animal que demora tanto tempo para ser totalmente independente de seus pais (aprox. 18 anos) e por isso a nossa família ou as pessoas que cuidam de nós nesses primeiros anos de vida têm o poder de imprimir noções da realidade que nenhum outro grupo social tem.
Isso significa que a família em que você cresceu (pobre, rica; religiosa ou não; na capital ou no interior; brasileira, africana, americana, alemã…) vai determinar quão longe do seu sucesso (que é subjetivo) você está ao nascer.
A mentalidade de seus pais ou cuidadores, portanto, pode influenciar enormemente quem você será no futuro.
O Eduardo, por exemplo, nasceu em 1988 em uma favela de Guarulhos – SP, em extrema pobreza: a favela não tinha escola, creche ou saneamento básico. Ele não tinha berço para dormir quando nasceu e, por isso, durante 9 meses dormiu em uma banheira. Aos 3 anos a casa em que ele morava foi destruída por uma tempestade. Sua mãe era diarista e seu pai se envolveu com drogas, se tornou criminoso e foi preso por roubar banco.
Olhando para esse quadro, você consegue imaginar o que esse cara provavelmente se tornou…
Vou até te provocar um pouco mais e aproveitar que estamos em clima de Ano Novo para te fazer refletir: quem você acha que você teria se tornado se tivesse nascido nessas circunstâncias? Pense.
Mas esse cara tinha uma mãe que dizia para ele todos os dias que não importava de onde ele vinha; o que importava na vida, era para onde ele estava indo.
Esse Eduardo tem o sobrenome Lyra e é o fundador e CEO da Gerando Falcões: um Instituto sem fins lucrativos que promove crianças e adolescentes socialmente, por meio de esporte e cultura, e também ajuda jovens e adultos a entrarem no mercado de trabalho.
Com 26 anos foi eleito uma das 15 pessoas mais influentes do Brasil pela Forbes (revista conhecida mundialmente por falar sobre grandes empresários) graças a esse grande projeto filantrópico.
A Gerando Falcões ajuda, hoje, mais de 50 mil pessoas por ano, gerando mais de 200 empregos e estando presente em mais de 60 favelas do Brasil.
Ele é um fenômeno e hoje eu vou te contar a história dele. Espero que ao final eu consiga te provar, caso ninguém tenha te falado ainda, que, realmente, “não importa de onde você veio, mas para onde você vai”.
A trajetória de Eduardo Lyra
Nascido na favela de Guarulhos, SP, Eduardo Lyra nasceu e cresceu até os 7 anos de idade em um barraco de chão batido de terra, sem o mínimo de infraestrutura para se viver, em um meio de muita luta e crise.
Porém, diferente da maioria de seus colegas, ele aprendeu com sua mãe que se quisesse viver de outro modo, ele teria que romper com aquele ambiente, superar a desigualdade social, ser persistente e construir o próprio caminho.
Ele diz que sua mãe foi o antivírus contra o vírus que o meio propunha: ela o fez acreditar que tudo o que a favela propagava era mentira e que ele poderia sim conquistar o que ele quisesse.
Ele construiu, afinal, um mundo interior melhor para ele e isso o empurrou a materializar no exterior o que existia ali dentro.
Mas não pense que não houve tentações! Ele conta que houve um momento em que ele pensou em roubar um banco para reformar a própria casa.
Menino esperto, logo na primeira lição que teve desistiu da ideia: seu pai representou, por meio de uma surra, o que aconteceria se tudo desse errado e ele fosse pego pelos policiais fazendo o que estava planejando.
Ao final da surra, ele disse “pai, eu entendi. Pode ficar tranquilo que eu não vou ser bandido. Não vou querer passar por essa de novo…”
Então ele foi para a universidade, mas ainda incomodado com a situação em que vivia, escreveu um livro chamado “Jovens Falcões”. A partir daí, montou um time de 30 pessoas e, vendendo o livro de porta em porta, arrecadou o dinheiro necessário para fundar o Instituto Gerando Falcões em 2013, de forma independente e com um único objetivo: modificar as favelas do Brasil.
Hoje ele gera mais de 200 postos de trabalho; atua em mais de 60 favelas do Brasil; tem planos de impactar mais de 1200 favelas nos próximos 4 anos (ou 20% das favelas do país) e conta com o apoio de pessoas como Jorge Paulo Lemann, Satya Nadella, família Diniz, Guilherme Benchimol, Rubens Menin, Flávio Augusto, entre tantos outros empresários de sucesso.
Mas como ele conseguiu?
Eduardo acredita que entre o que você é hoje e o que você pode se tornar existe a força do espírito humano.
Ele confirma que sim, é muito difícil; mas nós temos que acreditar nessa força que é capaz de não ceder, de não se prostrar à uma situação incômoda.
Ele sabia que a favela funcionava daquela forma e só mudaria se ele causasse a mudança.
Ele sabia que a pobreza da favela existia e que ele vivia na favela, mas que aquela pobreza não vivia nele – sua alma sempre foi rica.
Ele entendeu que o importante era proteger o que está dentro, porque o que cada um de nós temos dentro é o que vai determinar o que existe fora.
Eduardo também relata que seu projeto foi uma construção – não aconteceu da noite para o dia.
Ele se inspirou em um professor de futebol e teve grande influência da Igreja. Além disso, perdeu muita gente querida e via que o favelado só conseguia trabalhar em subempregos ou virar bandido.
Tudo isso o impulsionou a agir.
De dentro do próprio quarto começou e aos poucos conseguia perceber que sua persistência, coragem, fé, mente aberta e capacidade de aprender e de se superar faziam o negócio acontecer.
Hoje o Instituto conta com laboratórios de tecnologia formando e desenvolvendo jovens programadores; possuí em torno de 120 colaboradores que ensinam crianças e adolescentes a gerenciarem suas emoções, terem autonomia, saberem a se colocar e alçarem voo; e possui uma gestão de ponta, com auditoria, metas, plano de carreira, diário de bordo, uso de tecnologia, área de dados – e tudo isso de dentro da favela!
Com grande alegria, hoje, ele consegue ver que a transformação é concreta, consistente e real.
Os programas sociais da Gerando Falcões
A Gerando Falcões possui nove diferentes programas dentro das favelas em que está presente.
Uma escola de líderes: o Instituto se encarrega de criar e educar novos líderes que ajudem na missão de erradicar a miséria nas favelas em 6 pilares centrais:
•Habilidades socioemocionais
•Expertise de Favela
•Expertise do setor privado
•Políticas públicas
•Tecnologia
•Inovação
2. Oficinas
Nas oficinas os líderes formados vão ensinar as pessoas da favela valores de cidadania e trabalho em equipe através da cultura e do esporte.
São oficinas de:
•Cultura: Coral; Pintura; Teatro; Percussão; Dança; Orquestra; Arte de contar histórias
•Esportes: Tênis; Boxe; Futsal; Futebol society; Futebol de campo; Skate; Jiu-jitsu; Surf; Capoeira; Basquete
Uma plataforma de cursos presenciais, com aulas de vendas, atendimento ao cliente, rotinas administrativas e programação. Dessa forma, a Gerando Falcões se certifica de que o jovem ou adulto poderá sair da favela e conseguir um emprego digno.
4. Recomeçar
Projeto da Rede que tem como objetivo reintegrar à sociedade homens e mulheres, egressos de penitenciárias e presídios, que cumpriram suas penas e carecem de apoio para dar um novo rumo à vida.
Um negócio de impacto social que dá acesso a bens de consumo para população de baixa renda e reverte seu resultado de vendas em programas de transformação nas periferias e favelas.
Qualquer um pode fazer a doação, basta:
1. Separar bens em bom estado que não usa mais (roupas, calçados, eletrodomésticos, móveis, objetos de decoração, livros, etc)
2. Agendar a coleta dos bens na grande São Paulo ou em Poá-SP
3. Realizar a entrega e deixar que o Instituto irá preparar e distribuir para venda.
6. Cooperativa Modelando Sonhos
Uma cooperativa de costura, constituída por um grupo de mulheres de Poá-SP com perfil empreendedor e interesse em aprender e se profissionalizar como costureira. Tem o propósito de gerar oportunidade de trabalho e renda para mulheres na comunidade entorno.
Uma equipe de cantores e dançarinos que utiliza a arte para conscientizar e entreter jovens estudantes de escolas públicas sobre a importância do estudo, por meio da “ostentação da educação”, como o melhor caminho para a realização de seus sonhos.
8. Estúdio Moto
Criado em 2016, o Estúdio Moto possibilita aos artistas das periferias a produção de suas músicas com qualidade profissional.
Com uma temática diferente por mês, o Instituto, em parceria com órgãos públicos e privados, realiza atividades de cultura e lazer, assessorias, atendimentos sociais e emergenciais, dentre outras atividades com referência nas temáticas estabelecidas para o mês, dentro da comunidade e para todos os moradores (crianças e adultos).
Como você pode ajudar
A receita do Instituto vem de várias formas. O Eduardo faz um jantar beneficente anual que arrecada uma grande quantia e alguns doadores, como os citados acima, fazem cheques volumosos para apoiar a causa. Mas como você pode ajudar?
Você pode tanto fazer um cheque de qualquer quantia, como se voluntariar para fazer parte do projeto. Não só em São Paulo, mas ONGs de Belo Horizonte, São José do Rio Preto, Maceió e Rio de Janeiro, por exemplo, fazem parte da rede da Gerando Falcões e você pode procurar por elas para contribuição monetária, física ou tecnológica.
Hoje, devido à pandemia do COVID-19, eles criaram a campanha “Corona no paredão”, por onde você pode doar com apenas alguns cliques.
Essa campanha foi criada visando a proteção da maioria dos profissionais da favela, que são autônomos e não possuem reserva de emergência. Com o país de portas fechadas, essas pessoas tiveram suas fontes de receita minadas e, sem um colchão para se sustentar, muitos deixaram de se alimentar.
O auxílio emergencial do governo não é (e nunca seria) capaz de suprir essas necessidades e a sociedade precisa se mover para suportar os mais pobres.
A partir de um plano operacional brilhante em que o dinheiro arrecadado não só “dá o peixe” para as famílias, mas ao mesmo tempo faz o mercado local “vender a vara de pescar”, essa ação consegue impactar diretamente 170 mil pessoas em 200 favelas brasileiras divididas em 14 estados.
E para quem quiser saber mais sobre os resultados dessa campanha que ainda está ativa, basta ir para https://gerandofalcoes.com/resultados e ter acesso a tudo o que eles estão fazendo – auditados pela KPMG (auditoria empresarial).
Por fim, toda divulgação é também uma forma efetiva de ajuda. Pode ser que você não tenha dinheiro ou disponibilidade para doar, mas alguém para quem você fale sobre isso pode! Então não deixe de compartilhar esse artigo com mais pessoas e de seguir o Eduardo nas redes sociais (o Instagram dele é @edulyragf).
Espero que esse texto tenha te inspirado a querer o bem, o melhor. Com paciência, determinação e sonho grande, somos capazes de fazer o que quisermos!