BLOG

Menos muros, mais pontes

Compartilhe agora mesmo:

Facebook
LinkedIn
WhatsApp

06 de maio de 2021

Você se lembra do Edu Lyra? Aquele rapaz que nasceu em uma favela de Guarulhos-SP; que dormiu em uma banheira azul por 9 meses dada tanta pobreza na família; cujo pai foi preso por roubar banco…?

Aquele que fundou a Gerando Falcões, um Instituto sem fins lucrativos, e que foi eleito uma das 15 pessoas mais influentes do Brasil pela Forbes? Não se lembra? Clique aqui para descobrir quem é e depois retorne a este artigo.

Bom, o Edu continua com seu plano de colocar as favelas do Brasil no museu e esses dias deu uma entrevista para o Insights, o podcast do Banco Bradesco, em que ele fala sobre o impacto que o Covid-19 causou nas favelas brasileiras.

Este artigo cumpre resumir o que foi dito nessa entrevista, e trazer, também, alguns dados sobre o que foi falado e reafirmar o que podemos fazer hoje para mudar essa situação.

A entrevista

Edu disse ao podcast que o COVID-19 colocou uma lente de aumento sobre os grandes problemas sociais do Brasil, o que permitiu que a sociedade percebesse o tamanho do fosso social ao qual o país está submetido. Ele relembrou que o Brasil está entre as sete nações mais desiguais do mundo; que hoje, 14 milhões de pessoas vivem na favela e que o lockdown impossibilitou que muitos deles obtivessem sua fonte de renda diária.
situação.

Dados recentes afirmam que 19 milhões de brasileiros passaram fome, ou seja, estiveram em situação de insegurança alimentar grave ou moderada, em 2020. E a experiência contada pelo Eduardo confirma essa estatística. Nas palavras dele: “Eu tenho vivido dias muito sensíveis como cidadão de visitar barracos e ver na geladeira unicamente uma garrafa de 2 litros com água.”
situação.

Para ele, a colaboração é fundamental nesse momento. Sabemos que o governo não consegue, sozinho, tirar o Brasil desse caos; nem apenas a iniciativa privada. “Ninguém tem bolso suficiente”, disse ele. A solução que ele enxerga é de construirmos um grande acordo social, que não requer apenas dinheiro, mas também energia e tempo.
situação.

Isso exige uma mudança de mentalidade dos brasileiros, pois aqui a filantropia ainda é muito tímida, apesar de já ser de grande ajuda. Na realidade, os pobres são os que mais doam e isso enche o coração do Edu de alegria, pois ele sabe o esforço que um grande número de pessoas de baixa renda faz para conseguir formar um enorme montante e ajudar milhares de famílias, doando R$ 50,00 que seja

Em 2020, com doações de grandes e pequenos apoiadores, a Gerando Falcões conseguiu alimentar em torno de meio milhão de pessoas e esse ano ele pretende fazer igual!

Mas além da mudança de mentalidade, é preciso uma mudança cultural no Brasil em relação às favelas. Hoje existe um muro que separa cidades de favelas, mas esse muro deve ser substituído por uma ponte. Ele diz que, ao mesmo tempo que existe um país chamado Brasil que tem infraestrutura, capital, oportunidades de trabalho e chance de prosperidade, existe um país dentro do Brasil chamado “favela” onde o governo não entra, onde a infraestrutura básica não existe, aonde o capital não chega e as startups não prosperam. Isso tem que acabar.

Eduardo comentou que dentro da favela existe inovação graças, principalmente, à formação de liderança sociais da Gerando Falcões, mas que as pessoas ainda têm medo de investir por causa dessa barreira entre os dois “mundos”. Na opinião dele, isso é uma perda muito grande, pois ele acredita que esses dois polos têm muito para aprender juntos.

No entanto, Eduardo Lyra não para. Além da campanha “Corona no Paredão” que está ativa desde 2020, ele está com um novo projeto – o Favela 3D: Digital, Digna e Desenvolvida.

Entenda mais sobre a Favela 3D

Investidores e empresas estão percebendo que o melhor investimento que o Brasil pode fazer para ser grande no futuro é investir em pobres. Por isso, ele começou um projeto piloto em São José do Rio Preto que pretende fazer uma transformação sistêmica para interromper o ciclo de pobreza nas favelas daquela região.

A Gerando Falcões se juntou à prefeitura local, o governo do Estado de São Paulo, ONGs, empresas privadas e, sobretudo, à comunidade, e chegou a uma solução sistêmica para esse problema.

Por que sistêmica? Porque a pobreza, segundo o Edu, é multidimensional e que, para ser atacada e interrompida, precisa da atuação de todas as partes envolvidas.

Eles chegaram a uma “mandala” de 9 pontos de transformação social que inclui não só renda, mas primeira infância, saúde, educação, transporte, cultura e lazer, empoderamento feminino, cultura de pais, e por aí vai.

Após 6 meses desenhando o projeto, está na hora de partirem para a execução e captar recursos para aplicar as tecnologias. Com o apoio de empresários como Jorge Paulo Leman, Guilherme Benchimol, de outros investidores e também com o SEU, a partir dos próximos meses e durante 3 anos consecutivos, a Gerando Falcões vai testar, prototipar, errar, ajustar e construir essa tecnologia para interromper o ciclo de pobreza.

Após o sucesso desse piloto que funcionará para favelas de até 500 habitantes de São José do Rio Preto, eles irão expandir o projeto e planejam atingir 80% das favelas do Brasil que têm mais ou menos o mesmo tamanho.

Ou seja, se eles encontrarem a solução para esse problema nessa região, eles terão encontrado a solução para o problema de quase 80% das favelas do Brasil! Incrível, não?

Esse é o esforço: aplicar o que há de melhor em tecnologia nas favelas miseráveis e erradicar, de uma vez por todas, a pobreza desse país.

Mercado de Trabalho

Na favela há grande fomentação do empreendedorismo, mas para que a conexão entre cidade e favela seja completa, as empresas já estabelecidas também precisam aceitar a diversidade vinda desse lugar.

Ainda mais com a nova moda – que veio para ficar – chamada ESG (Environmental, social and corporate governance – em português: Ambiental, Social e Governança), na qual as empresas possuem metas para se tornarem mais sustentáveis e diversificadas socialmente, mais portas serão abertas para ideias de pessoas que antes não eram aceitas nesses ambientes.

Isso faz com que o Edu acredite que é uma questão de tempo e de sobrevivência para as empresas a aceitação dessas pessoas isoladas da sociedade. Ele acredita que as empresas perdedoras do futuro serão aquelas que não apostarem em diversidade, mas as que apostarem em riqueza geográfica, social e de ideias nos seus negócios conseguirão trazer o que existe de melhor no Brasil para criar um produto e uma comunicação que atenda a toda população.

Como ajudar através da Gerando Falcões

Além da doação para o projeto Favela 3D, a campanha “Corona no paredão” ainda está ativa no site.

Com apenas R$50,00 você compra uma cesta básica digital e com mais duas cestas uma pessoa em estado de vulnerabilidade recebe R$ 150,00, valor que será depositado em um cartão pré-pago e poderá ser utilizado em mercadinhos da favela, pela Gerando Falcões.

Essa foi a sacada brilhante do Instituto para movimentar a economia das regiões mais pobres do país nesse momento tão crítico. Basta alguns cliques e um coração caridoso que você poderá ajudar uma família a não passar fome. Vamos ajudar?

Compartilhe esse artigo com seus amigos! Vamos juntos derrubar esses muros e construir as pontes do futuro.

Marina Franco
Empreendedora
Engenheira de produção, mas só no papel. De espírito empreendedor, ama aprender sobre diversos assuntos e compartilhar conhecimento através da escrita. Acredita que com amor e educação o mundo pode se tornar um lugar melhor