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Mas…como sobrevivem as ONGs?

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05 de março de 2020

As organizações não governamentais sem fins lucrativos, popularmente conhecidas como ONGs, surgiram da necessidade de suprir as demandas que não eram atendidas satisfatoriamente pelo Estado, já que as atenções e esforços se voltam a outros segmentos econômicos, e possuem o papel de sistematizar – estruturar – as atividades estatais.

É possível afirmar, sem sombra de dúvidas, que as ONGs ou OSC – organizações da sociedade civil – como também são chamadas no Brasil, prosperaram e multiplicaram-se como organizações competentes e notáveis, principalmente quando contrapostas a um cenário em que investidores sociais doavam recursos ao poder público de países subdesenvolvidos, em sua maioria, os quais não eram revertidos em bens públicos – sabe-se lá se por incompetência ou má conduta.

Há realmente “males que vêm para o bem”, já que foi graças à ineficiência do poder público que a sociedade se despertou à busca por soluções privadas para os problemas sociais – o que levou à eclosão do Terceiro Setor. É exatamente como afirma Rossilene Araujo Guzzo, autora do livro Terceiro Setor: um caminho para o fortalecimento da responsabilidade social: “Na realidade, estamos vendo que a sociedade começa a tomar consciência de que também é responsável por essa desigualdade social, não esperando que apenas o poder público participe desse processo que visa à solução dos problemas sociais.”

As ONGs, como já visto, não possuem fins lucrativos. Então, como é possível continuarem a existir e como financiam suas atividades? A resposta está pura e simplesmente na captação de recursos – hoje esse termo vem sendo substituído por “mobilização de recursos”. Essas organizações precisam constantemente buscar formas alternativas para manterem-se em atividade. Sua continuidade se baseia quase inteiramente em apoio financeiro de outras entidades privadas – do terceiro setor ou empresariado -, pessoas físicas e até mesmo do governo.

A captação de recursos, além de financiar todo um projeto social, promove a ONG – porque de acordo com a seriedade das atividades realizadas se alcança mais credibilidade em meio à sociedade e, com isso, mais recursos.

São diversas as formas de recursos a serem doados: os de caráter financeiro, humano – como voluntário ou doador financeiro – e material. Essas três formas podem derivar de empresas privadas ou públicas, de pessoas como individuais – como citado anteriormente – agências de financiamento, de eventos e outras fontes.

A exemplo de captação de recurso direta com pessoa física, de recursos financeiros, temos a Greenpeace, que arrecadou, somente em 2018, no Brasil, mais de 67 milhões de reais, em que 28 milhões foram doados por pessoas físicas.

Além do voluntariado como recurso não financeiro, temos hoje uma nova frente de captação chamada in kind. Ela foca na conquista de produtos e/ou serviços gratuitos para a organização. Dentro da FreeHelper há a Guarda Chuva, agência de marketing curitibana, e o Impact Hub, espaço de coworking, dois dos parceiros que fornecem seus serviços de forma gratuita. Dessa forma, eles, como os demais parceiros, tornam possível a busca pela maximização do impacto do voluntariado profissional, sendo, por sua vez, próprios voluntários.

 

No tocante às empresas, curiosamente, atualmente, muitas delas possuem um setor específico chamado de responsabilidade social, uma área especializada em promover impacto social positivo por meio de recursos – sejam eles monetários ou não – da própria organização. Inclusive, existem aquelas que desenvolvem suas próprias fundações, como a Fundação Grupo Boticário, organização sem fins lucrativos que se dedica a ações de proteção da natureza.

Na teoria é simples. Na prática, frente à difícil situação financeira, no caso do Brasil, a captação é um dos maiores desafios de uma organização não governamental. Além disso, outras barreiras, como a incerteza do destino certo da doação ou do real impacto, tornam o caminho mais complicado e levam as organizações a encontrarem dificuldades de se manter com sustentabilidade.

Mas, como jovens influenciadores e não conformistas precisamos ser o peso acelerador e nos envolver cada vez mais com ONGs e atividades sociais, porque são muitas e precisam de nós.

Já afirmava Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna: as instituições sem fins lucrativos existem por causa de sua missão. Existem para fazer uma diferença na sociedade e na vida daqueles que mais precisam, essa é a sua missão.

 

Mariana Savaris
Editora Chefe do Blog da FreeHelper
Mariana Savaris atualmente trabalha no setor de Contratos e Societário no escritório Luciano Vernalha & Moro Advogados. Também é escritora e revisora de livros e artigos, atuando como Editora Chefe do Blog da FreeHelper.