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Mas, afinal, o que é Voluntariado Profissional?

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30 de janeiro de 2020

 

Se procurada no bom e velho Aurélio, a palavra Voluntariado tem como significado “qualidade de voluntário, de quem se dedica a alguma coisa sem ter a obrigação de o fazer, motivado por vontade própria.”

Estas palavras resumem inteiramente, por óbvio, o fundamento do trabalho voluntário. Pense comigo: acordar cedo e se sentir motivado a ir à academia, algo difícil – todos sabemos – mas você até acorda e vai, embora não por vontade própria, já que que o débito automático de valor exuberante da mensalidade te dá aquele impulso extra.

Agora, imagine um aglomerado de pessoas colocando o despertador para às 6h da manhã, de um domingo, para retirar lixo das praias. Consegue refletir a diferença? É aqui que o voluntariado se reproduz, numa vontade impulsionada, em causas de interesse social, de forma diferente: solidária.

Regulamentado pela Lei 9.608/98, num Brasil ainda governado por Fernando Henrique Cardoso, o trabalho voluntário foi estabelecido como serviço voluntário em que ações têm finalidade científica, recreativa, cultural, educacional, cívica ou assistenciais que não geram vínculo empregatício e, ainda, com objetivos sociais e culturais.

Uma vez compreendido o fundamento do trabalho voluntário, adentramos em suas espécies – engana-se quem acredita na existência de apenas uma modalidade. Na realidade, há um número bem extenso de formas em que o trabalho voluntário se desenvolve. São, algumas delas, o voluntariado empresarial, contínuo, presencial, assistencialista, online e profissional. É nesta última que este artigo terá seu foco.

O Voluntariado Profissional é aquele que, entre as demais modalidades, exige uma expertise – competência e qualidade – específica de algo. Em outras palavras, é o trabalho voluntário que envolve atividades técnicas e especializadas, diferentemente do Voluntariado Assistencialista, por exemplo, que foca em atividades manuais que não exigem conhecimento de formação ou experiência.

O voluntário profissional, então, é estimulado, de forma conveniente, pelo que é capacitado, escolhendo uma atividade específica que vai de acordo com seu conhecimento e experiência profissional. Ocorre, como todo voluntariado, um benefício mútuo, já que, à medida que o profissional auxilia nas necessidades daquela ONG específica, ele recebe um feedback bem como seu reconhecimento como profissional.

Logo, nessa modalidade de voluntariado há uma oportunidade do voluntário se especializar, através da experiência, em uma determinada área. Havendo, inclusive, espaço para estudantes voluntários que querem colocar em prática e, inclusive, desenvolver algum conhecimento ou habilidade.

Um advogado, por exemplo, pode realizar uma consultoria jurídica, ou revisão estatutária, para projetos de uma organização, da mesma forma que um arquiteto pode elaborar projeto de reforma em uma sede ou um designer pode criar arte para algum evento do instituto. Exemplo maior, e de fácil entendimento, seria a menção do programa Médico Sem Fronteiras, um grupo cuja missão é oferecer assistência médica em áreas devastadas, ou pela guerra ou por não serem tão desenvolvidas.

É aqui que se encaixa a FreeHelper e, com o objetivo de conectar profissionais, de diversas áreas, a ONGs que necessitam suportes especializados, temos executado projetos em diferentes áreas. Assim acontece, de forma resumida, um alinhamento dos serviços – ações – às necessidades de ONGs.

Analisando números, nos deparamos com um total de 54% de jovens brasileiros querendo atuar na categoria do trabalho voluntário em choque com a estatística de apenas 4,3%, de fato, serem voluntários. O que acontece devida à falta de informação sobre como, onde e o que fazer para se tornar um voluntário.

Já nos Estados Unidos, país que possui 26,5% de seus jovens engajados em trabalhos voluntários, o voluntariado profissional, também conhecido como pro-bono, é uma das mais comuns modalidades, enquanto no Brasil ela ainda está em crescimento.

 

Para se ter uma noção, não é de agora que o voluntariado profissional vem se desenvolvendo. Durante a Grande Depressão, famosa crise de 1929 que atingiu os EUA, o governo Roosevelt criou o CCC (Civilian Conservation Corps), um grupo de voluntários, formado por jovens desempregados, idealizado por um programa de auxílio ao trabalho. Seus membros combatiam incêndios, construíam estradas e combatiam a erosão do solo em todo o país, sendo administrados pelo Exército americano. Seria Roosevelt um FreeHelper?

Tendo em mente que, hoje, no Brasil, existem em torno de 276 mil organizações sociais atuando nas mais diversas causas, a FreeHelper busca encontrar saídas para os profissionais que buscam sair da zona de conforto e aplicar seus conhecimentos de forma voluntária e profissional.

Desde um ano após seu surgimento, em 2017, houve um aumento de 312% no número de voluntários profissionais, totalizando, até dezembro de 2019, em 2.317 voluntários, o que acabou por gerar 1 milhão de reais em economia às ONGs beneficiadas e impacto em mais de 150.000 pessoas.

O voluntário se torna, então, de modo geral e não importando a modalidade em que atua, um ator social e agente de transformação, trazendo importantes contribuições tanto no âmbito social quanto no âmbito econômico.

Motivado de forma pessoal, social e, no caso, profissional – a primeira se aplica na doação de seu tempo somada à vontade de mudança e a segunda é desenvolvida pela consciência de um problema social acrescentada à luta e comprometimento com a solução, ou melhoria, deste problema – o voluntário faz a diferença com suas ações, diferença essa que aqui, no “mundo do trabalho voluntário”, leva outro nome: impacto social.

Que, por sua vez, nada mais é que uma reação positiva na sociedade, mas uma reação mensurável. Ou seja, uma reação determinada e específica.

Porém, nas palavras de Tom Browak, “é fácil ganhar dinheiro. É muito mais difícil fazer a diferença”.

Mariana Savaris
Editora Chefe do Blog da FreeHelper
Mariana Savaris atualmente trabalha no setor de Contratos e Societário no escritório Luciano Vernalha & Moro Advogados. Também é escritora e revisora de livros e artigos, atuando como Editora Chefe do Blog da FreeHelper.