BLOG

Intercâmbio Voluntário: por que fazer?

Compartilhe agora mesmo:

Facebook
LinkedIn
WhatsApp

28 de maio de 2020

O sonho de muitos jovens e adultos está correlacionado com conhecer novas culturas, novos hábitos, idiomas e novas pessoas. E, por consequência, o caminho que se mostra viável para o alcance desses objetivos pessoais e profissionais é o da experiência do intercâmbio.

Mas poucos jovens têm conhecimento sobre o fato de que não há apenas os tradicionais intercâmbios acadêmicos, como High School, graduação ou pós-graduação no exterior, bem como não existem apenas os intercâmbios pagos de idiomas.

Dentre as oportunidades de conhecer um novo país e, consequentemente, experienciar novas vivências, existe uma modalidade muito importante para o desenvolvimento de competências internacionais, como a prática de outro idioma e autodesenvolvimento – capaz de causar inquietude perante as desigualdades sociais presentes em outras nações – trata-se do intercâmbio voluntário.

Mas por que ser voluntário em outro país sabendo das desigualdades e desafios regionais e nacionais?

A resposta para essa pergunta pode ser definida por duas palavras: visão holística. Quando entendemos que problemas vivenciados em nossa sociedade local se repetem em outras nações, nos deparamos com o recurso da visão holística. Por definição, ela pode ser considerada como uma visão sistêmica; uma visão do todo.

Tendo em vista os desafios vivenciados no mundo, como fome, pobreza, ausência de saneamento básico e educação básica inacessíveis, presentes em grande parte das nações do mundo, ter a competência de enxergar desafios de maneira sistêmica pode gerar solução factíveis para o dia a dia das sociedades regionais.

O intercâmbio voluntário tem a forte característica de desenvolver os seus voluntários, não apenas com a prática de um outro idioma mas, principalmente, com a visão por outro prisma da realidade de outras nações, vivenciando as dificuldades locais e fazendo parte da solução na vida de pessoas nunca vistas anteriormente.

Desafios Globais

Segundo levantamento realizado pelo Social Progress Imperative em 2019, organização sem fins lucrativos norte-americana que mensura o Índice de Progresso Social, ou seja, além do desenvolvimento econômico e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), é mensurado uma média entre as pontuações para as três grandes dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos de Bem-Estar e Oportunidade. Segundo esse estudo, se o mundo fosse um só país, obteríamos um índice de 64,47 (de um total de 100 possíveis) no Social Progress Index, sendo distribuído nas três grandes dimensões com suas referidas pontuações. O mundo tem 74,40 em Necessidades Humanas Básicas e 67,50 na dimensão de Fundamentos do Bem-Estar, mas apenas 51,52 na dimensão de Oportunidade. Esse estudo afere o campo disponível para desenvolvimento das nações, tanto no âmbito social quanto no ambiental ou econômico.

Tendo em vista esse cenário, o espaço para oportunidades globais para desenvolvimento e protagonismo dos voluntários em intercâmbios dessa modalidade torna-se cada vez mais viável em ganhos para o crescimento dos voluntários assim como para posterior geração de soluções locais com impactos globais.

“Na voz de quem esteve lá”

Ao dizer isso, o jovem líder Rafael Florentino, consultor e empreendedor social na Trópico – produtora audiovisual com foco em causas sociais – e participante de iniciativas juvenis para o desenvolvimento sustentável, compartilhou como foi sua primeira experiência internacional realizada pelo programa Business and Social Impact in Emerging Markets pela Universidad Externado de Colômbia (Colômbia), ISAE Escola de Negócios (Brasil) e SPJIRM (Índia), com foco em desenvolvimento de negócios sociais e sustentáveis e pesquisa de campo em comunidades locais.

“…na Colômbia teve ênfase em questões de responsabilidade social, onde trabalhei a frente de um projeto de um negócio sustentável local, e na Índia foram observadas questões de desigualdade, saneamento e PCDs, onde conheci negócios inovadores e estive em contato com problemáticas complexas que também se intensificam devido aos dados demográficos do país. O impacto gerado em minha vida tanto no pessoal quanto profissional foi gigantesco, passei a ouvir mais e observar ao redor, além de buscar o intercâmbio cultural através de projetos locais e/ou pesquisa por meios digitas e comecei a ver os problemas ao nosso redor de uma outra forma, me aprofundando bem em pesquisa – imersão – antes de iniciar novos projetos. Acho incrível compartilhar este conhecimento e cativar outros jovens ao olhar da sustentabilidade trazendo pontos como empatia e propósito.”
– Rafael Florentino, 2020.

 

Assim como o Rafael, outros jovens e adultos vêm se destacando em seus respectivos ambientes profissionais e pessoais em decorrência da experiência vivenciada em uma nação com realidade diferente da já experienciada por eles. E a partir disso surge um grande questionamento: como podemos nos inteirar mais sobre essas oportunidades?

Oportunidades para fazermos parte da solução

Existem diversas iniciativas e organizações que promovem o engajamento e crescimento do trabalho voluntário em outras nações, algumas contam com a referência, como a AIESEC – organização sem fins lucrativos que promove a “ponte” entre jovens e causas sociais – ou plataformas de conhecimento que oportunizam dicas sobre os mais diversos intercâmbios, como o blog Estudar Fora da Fundação Estudar. A verdade é que para fazer parte da solução é necessário ter claro o que deseja ser desenvolvido em um intercâmbio voluntário.

Dito isso, em uma de suas memoráveis declarações, o ex-Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas Ban Ki-moon, em 2009, expressou a importância e a aderência do trabalho voluntariado para o desenvolvimento sustentável das nações.

“O trabalho voluntário é uma fonte de força comunitária, superação, solidariedade e coesão social. Ele pode trazer uma mudança social positiva, promovendo o respeito à diversidade, à igualdade e à participação de todos. Está entre os ativos mais importantes da sociedade.”

Existem diversos desafios e oportunidades para crescimento das sociedades, bem como para autodesenvolvimento de pessoas, como exemplo o abordado neste artigo, uma diferente modalidade de intercâmbio. Como seres humanos, cabe a nós desfrutarmos dessas oportunidades para gerar a transformação necessária no mundo.

Texto escrito em parceria com Youth Action Hubs

João Paulo Oliveira
Analista de Processos
Tecnólogo em Processos Gerenciais pela Faculdade ISAE Brasil e pós-graduando em Liderança e Inovação pela Fundação Getulio Vargas, faz parte do Youth Action Hub (YAH) e representa o ISAE Escola de Negócios como conselheiro júnior no Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema FIEP e compõe o quadro de membros representantes no Comitê de Benchmarking para Excelência na Gestão do Paraná (CBEG). Foi representante nacional no programa Business and Social Impact in Emerging Markets em 2018, participando do estudo de economias emergentes e o desenvolvimento sustentável internacional. Atualmente trabalha como Analista de Processos de TI no ISAE Escola de Negócios conveniada da Fundação Getulio Vargas.