25 de fevereiro de 2021
O Instituto de Apoio e Inclusão da Pessoa com Deficiência do Amazonas (IAIDAM) é uma organização sem fins lucrativos e filantrópica que promove o desenvolvimento humano de pessoas com deficiência (PcDs) no Amazonas. A ONG contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva, promovendo o exercício da cidadania das pessoas com deficiência, acolhendo, respeitando e valorizando sua participação social. O carro-chefe do IAIDAM é a empregabilidade de PcDs. Ao todo, quase 300 pessoas já foram inseridas no mercado de trabalho graças ao suporte oferecido pela instituição.
Foi no coração da Amazônia, em Manaus, onde o instituto surgiu. Fundado em 2015 por 22 pessoas engajadas na causa, o IAIDAM foi idealizado a partir de uma conversa de refeitório, na qual pessoas com diversos tipos de deficiência (visual, intelectual, física, auditiva…) se reuniram para discutir uma possibilidade até então remota: construir um espaço de acolhimento voltado exclusivamente aos PcDs do Amazonas. De início, a ideia era criar uma consultoria em RH especializada na inclusão profissional de pessoas com deficiência. Aos poucos, no entanto, esse sonho foi crescendo e se consolidando.
O fundador e diretor do IAIDAM, João Clímaco, que é deficiente físico, resume o longo caminho percorrido até aqui: “No começo, nós não tivemos apoio algum do poder público e faltavam duas coisas essenciais: um local adequado e o dinheiro. Para você ter uma ideia, a primeira sede do IAIDAM foi uma kitnet que ficava embaixo da minha casa. Hoje nós temos um espaço mais adequado, em um prédio de três andares, onde o primeiro andar foi cedido para que pudéssemos realizar o nosso trabalho”, diz.
Esforços e obstáculos
Desde então, o IAIDAM desenvolve atividades relacionadas não apenas à empregabilidade – onde analisa e ajuda PcDs na preparação de currículos – mas também às áreas de educação, habitação, cultura, empreendedorismo e reabilitação. Ao criar essas oportunidades, o instituto promove a inclusão social plena e oferece maior autonomia às pessoas com deficiência, auxiliando a sociedade na quebra de estereótipos e preconceitos relacionados ao universo PcD.
Além disso, o instituto tem parceria com empresas de impacto social, como a Descarte Correto, que promove cursos de inclusão digital e processa mais de 200 toneladas de lixo eletrônico por ano em Manaus/AM. Antes da pandemia de covid-19, em 2019, o IAIDAM já havia conseguido garantir vagas nos cursos para dezenas de pessoas associadas à ONG, mas infelizmente, por conta do aumento do número de casos, o número de vagas acabou reduzido para seis.
O cenário histórico da pandemia, aliás, mostrou-se como um grande desafio para o IAIDAM, que precisou se adaptar às mudanças e unir esforços para elaborar alternativas de enfrentamento e mitigação dos impactos causados pelo novo coronavírus. Nesse contexto, a ONG tem realizado diversas doações de quase 800 cestas básicas para pessoas carentes de Manaus e de cidades do interior e, apesar de não ser a principal atividade, tem colhido bons frutos desses trabalhos.
Apesar disso, ainda há dificuldades em obter alguns registros essenciais para o funcionamento da ONG. “A gente precisa conseguir a declaração de entidade de utilidade pública, que é importante para uma instituição como a nossa, consolidada há mais de cinco anos, e pode abrir portas”, afirma João. Mesmo assim, para o diretor, o trabalho tem sido gratificante. “Nosso retorno financeiro é mínimo, mas o ganho comunitário é enorme. Nosso sonho é, futuramente, poder colocar salas de estudo na sede e promover cursos profissionalizantes e de ensino fundamental e médio”.
IAIDAM e os ODS
Boa parte das organizações não governamentais situadas na Amazônia trabalham diretamente com questões relacionadas à conservação ambiental e à redução do desmatamento da floresta amazônica. Apesar de temas como esses não serem o foco dos projetos e iniciativas promovidos pelo IAIDAM, a instituição está integralmente comprometida com alguns dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU no âmbito da Agenda 2030. Os ODS foram criados justamente para erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e garantir a paz.
O primeiro objetivo que perpassa grande parte do nosso trabalho é o de número 4, que se refere especificamente à “educação de qualidade”. Nós acreditamos na importância de uma sociedade que possa garantir o acesso à uma educação mais inclusiva, acolhendo pessoas com deficiência de forma igualitária e justa. Por meio de cursos profissionalizantes, nós também temos auxiliado jovens e adultos na busca pelo aperfeiçoamento de suas habilidades pessoais e profissionais.
Em termos de empregabilidade, o ODS 8 (Trabalho decente e crescimento econômico) é o que mais se aproxima da nossa missão como ONG. Ao promovermos a busca por um trabalho sustentável, decente e produtivo, nós garantimos que PcDs também tenham oportunidades de assumir posições de liderança, de destaque em empresas ou até abrir o próprio negócio. Assim como o Objetivo 8, o IAIDAM defende a conquista por um emprego pleno e produtivo, um trabalho decente para todas as mulheres e homens com deficiência, além de uma remuneração igual para um trabalho de igual valor.
Tudo isso também é feito pensando no Objetivo 10, de redução das desigualdades. Afinal, quando empoderamos PcDs e promovemos a inclusão social e econômica, também buscamos a garantia da igualdade de oportunidades. Para isso, buscamos, junto ao poder público, assegurar a implementação e execução de políticas públicas e leis que combatam práticas discriminatórias e resguardem os direitos civis de PcDs. E nada disso seria realidade sem reforçar iniciativas voltadas ao ODS 17, já que a existência do IAIDAM só é possível graças às parcerias firmadas com outras instituições, prefeituras e empresas que acreditam e apoiam a nossa causa.
Autonomia PcD
Na opinião do colaborador Luiz Arthur Oliveira da Silva, um dos principais problemas enfrentados pelo PcD é a questão da autonomia, principalmente no processo de crescimento profissional e em outros campos da vida. “O IAIDAM faz um trabalho motivacional incrível. Nós exercitamos a autoconfiança, autonomia, a procurar novas alternativas, a se aprimorar e crescer como indivíduo e a acompanhar as mudanças no cenário ao seu redor, tanto regional quanto no cenário mais amplo”.
A metáfora das engrenagens de um relógio funciona muito bem para a lógica da ONG, como afirma Luiz Arthur, que também é PcD. “Os membros do IAIDAM são como peças de um relógio que, quando trabalham em conjunto, geram uma sincronia, um relógio perfeito que aponta caminhos para o crescimento do PcD, que percebe o seu papel na sociedade e não se define mais pela sua deficiência. No fim, o que nos define é a nossa mente, a forma como enxergamos o mundo e como cuidamos uns dos outros”.