06 de fevereiro de 2020 

A expressão “desenvolvimento sustentável” é definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como desenvolvimento que “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de satisfazer as suas necessidades” (ONU, 1987, p. 41). Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável em 2012 (também conhecida como “Rio +20”), que serviu para definir a agenda de desenvolvimento sustentável para as próximas décadas, foram traçados e adotados pelos países presentes 17 objetivos amplos e abrangentes, chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS englobam esferas sociais, ambientais e políticas, incluindo objetivos relacionados à erradicação da pobreza, crescimento econômico, formas de energia limpas e educação de qualidade. Os objetivos, em conjunto, também são chamados “Agenda 2030”.

Ao mesmo tempo em que esses objetivos foram definidos e acordados, o mundo testemunhou (e, de fato, ainda o faz), outro fator importante: o crescimento da juventude no mundo em desenvolvimento. Hoje, temos a maior geração de jovens da história, com 1.8 bilhões de pessoas entre 10 e 24 anos. Cerca de 90% dos jovens vivem em países em desenvolvimento. Até 2030, cerca de 1.9 bilhões de pessoas terão 15 anos de idade (ONU, 2018). Com isso, é evidente que os jovens têm um papel central para a concretização do desenvolvimento sustentável a nível global, através da implementação e monitoramento da Agenda 2030. As Nações Unidas reconhecem que, com as habilidades e oportunidades necessárias, os jovens podem se tornar força motriz para dar suporte e contribuir com o desenvolvimento sustentável e manter a paz e a segurança mundial (ONU, 2018).

Sendo assim, ONU identificou cinco papéis que os jovens podem ter para tal: (1) Pensadores críticos (identificar e desafiar as atuais estruturas de poder); (2) Agentes de mudança (agir e mobilizar pessoas através da conectividade e do uso das tecnologias sociais); (3) Inovadores (trazer novas perspectivas e desenvolver novas soluções para os problemas atuais); (4) Comunicadores (disseminar conhecimento sobre a agenda 2030 e seu monitoramento) e, por fim (5) Líderes (liderar suas comunidades e países através de organizações, redes, engajamento cívico e outras formas, estendendo oportunidades a jovens marginalizados em seu contexto) (ONU, 2018). A juventude, quando equipada com as habilidades e oportunidades necessárias para desenvolver seu potencial, cumpre um papel fundamental no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, já que está em contato direto com os temas relevantes à Agenda 2030 e possui uma capacidade única de gerar soluções para alcançá-la, seja através de novas tecnologias exponenciais, engajamento comunitário, pesquisas acadêmicas ou outros meios.

A Organização das Nações Unidas recomendou diversas vezes, durante reuniões da Assembleia Geral, o engajamento jovem a nível internacional (UNFPA, 2013). Um marco importante para a representação jovem internacional foi a realização do World Program of Action for Youth to the Year 2000 and Beyond (WPAY), adotado na 50ª sessão plenária da Assembleia Geral, em 1995 (UNO, 1995, p.1). O Programa prioriza especialmente em medidas que aumentam a qualidade e quantidade de oportunidades para jovens que buscam uma maior participação nessa esfera, convidando todos os Estados-Membros a “incluir representantes jovens em suas delegações nacionais na Assembleia Geral e outras reuniões nas Nações Unidas” (ONU, 1995, p.1), especialmente em assuntos relacionados a juventude, com o intuito de encontrar soluções aos problemas enfrentados pelo jovem na sociedade contemporânea. O documento também reconhece que os jovens em todos os países são grandes recursos humanos para promover o desenvolvimento e a mudança social (ONU, 1995, p.1).

Entre a elaboração do WPAY e a adoção os ODS, a ONU expressou diversas vezes a necessidade de se incluir jovens nos esforços para alcançá-los. Em 2013, logo após a definição da Agenda 2030, uma das resoluções da Assembleia Geral apontou: “[Esta resolução] Reconhece a importância da participação dos jovens para o desenvolvimento, e exorta os Estados-membros e as entidades do sistema das Nações Unidas, em consulta com organizações lideradas por jovens, a explorar novos meios para promover a participação plena, efetiva, estruturada e sustentável dos jovens e das organizações lideradas por jovens em processos de tomada de decisão pertinentes, inclusive no projeto e na implementação de políticas, programas e iniciativas, assim como na elaboração da agenda de desenvolvimento pós-2015 […]” (ONU, 2013,1-4)

Na minha experiência pessoal, quando têm as oportunidades e recursos necessários, os jovens constituem uma surpreendente força motriz para gerar relevantes mudanças sociais. Já trabalhei diretamente com jovens que buscaram trazer sua visão para o setor público, apoiando e liderando campanhas políticas pautadas em temas como sustentabilidade, diversidade e tolerância. Trabalhei diretamente com jovens empreendedores sociais, que buscam unir as ferramentas do mercado comercial com as oportunidades que ele pode promover para gerar impacto positivo para as pessoas e para o meio-ambiente. Também já trabalhei – e lido diariamente – com jovens que criaram e/ou gerenciam projetos sociais em suas comunidades. Os resultados são inspiradores! Na Global Changemakers, apostamos nos jovens para mudar o mundo. Através de capacitações, treinamentos, mentoria e financiamento para projetos locais, já impactamos jovens de mais de 180 países, apoiamos mais de 360 projetos e alcançamos indiretamente mais de 6 milhões de pessoas. De acordo com a Diretora de Programa da organização, Gabriela Jaeger, a juventude é fundamental para que os ODS sejam alcançados, tendo em vista que esta geração “enfrenta um futuro extremamente desafiador”. Ela cita como exemplo as mudanças climáticas, que resultam em desastres naturais como estiagens, fome e migração forçada, entre tantos outros problemas. Ainda de acordo com ela, “os jovens precisam não apenas ser informados sobre o que está acontecendo, mas tomar providências para mitigar as consequências previstas”.

Em suma, defendo e reforço que a juventude é essencial para que alcancemos a mudança que concordamos em buscar. Se você está lendo esta postagem e tem interesse em se engajar mais com as causas nas quais acredita, não hesite em entrar em contato comigo ou com a equipe da FreeHelper. As oportunidades para tanto são infinitas!

Fontes:

KHOSLA, A. Alternative Strategies in Achieving Sustainable Development. In: JACOBS, P; MUNRO D.A. (Ed.). Conservation with Equity: Strategies for Sustainable Development. Cambridge: 1987. 488p.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Assembleia Geral. Resolução 68/130. AG Index: A/RES/68/130, 18 de dezembro de 2013. Disponível em: http://www.unfpa.org.br/Arquivos/24-A_RES_68_130_port.pdf

UN ECOSOC – United Nations Economic and Social Council. World Programme of Action for Youth to the Year 2000 and Beyond, 1995. Resolução 1995/64. Disponível em: http://www.un.org/documents/ecosoc/res/1995/eres1995-64.htm

UNFPA Brasil – United Nations Populations Fund Brasil. Resoluções da Assembleia Geral da ONU sobre Juventude, 2013. Disponível em: http://www.unfpa.org.br/novo/index.php/biblioteca/publicacoes/onu/878-resolucoes-da-assembleia-geral-da-onu-sobre-juventude

UN – United Nations. The Future We Want, 2012. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/733FutureWeWant.pd