BLOG

Dia do Consumo Consciente: uma reflexão sobre os nossos hábitos

Compartilhe agora mesmo:

Facebook
LinkedIn
WhatsApp

15 de outubro de 2020

No dia 15 de outubro é celebrado no Brasil o Dia do Consumo Consciente. A data foi criada em 2009 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o principal objetivo é conscientizar os cidadãos para os diversos problemas sociais, ambientais, políticos e econômicos em virtude dos padrões de produção e consumo não sustentáveis. Além de buscar reduzir o consumo, a data é um mecanismo de alerta para o fato de que um produto ou serviço deve minimizar o uso de recursos naturais, materiais tóxicos, diminuir a emissão de poluentes e a geração de resíduos.

A prática do consumo consciente aliada à bioeconomia, a qual relaciona modelos de produção que utilizam recursos naturais de maneira consciente, atende a nossa atual necessidade sem prejudicar as futuras gerações.


Fonte: ONU Brasil

O consumo consciente é indispensável na redução da pegada ecológica sobre o meio ambiente, sendo uma prática básica para o desenvolvimento econômico e social sustentável. Apesar de estar atrelado a diversas ações da Agenda 2030 da Organização dos Nações Unidas (ONU), possui um Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) só para ele. O Objetivo 12 tem como premissa “assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis”. Este objetivo prioriza a informação, a gestão coordenada, além da transparência e a responsabilização dos atores consumidores de recursos naturais como ferramentas chave para o alcance de padrões mais sustentáveis de produção e consumo. Abaixo estão elencadas as metas desse ODS.

12.1 Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento.

12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais.

12.3 Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita.

12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente.

12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso.

12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios.

12.7 Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacionais.

12.8 Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza.

12.a Apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades científicas e tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de produção e consumo.

12.b Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável, que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais.

12.c Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que encorajam o consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado, de acordo com as circunstâncias nacionais, inclusive por meio da reestruturação fiscal e a eliminação gradual desses subsídios prejudiciais, caso existam, para refletir os seus impactos ambientais, tendo plenamente em conta as necessidades específicas e condições dos países em desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos adversos sobre o seu desenvolvimento de uma forma que proteja os pobres e as comunidades afetadas.

O instituto Akatu realizou uma pesquisa em 2018 com o objetivo de traçar um panorama do consumo consciente no Brasil, apresentando desafios, barreiras e motivações. Com base na pesquisa foi elaborado o Teste do Consumo Consciente (TCC), que envolve alguns comportamentos desafiadores para alcançarmos um estilo de vida mais consciente e sustentável, alguns deles são: ler atentamente os rótulos antes de comprar algum produto; pedir nota fiscal (cupom fiscal) quando vai às compras, mesmo que o fornecedor não o ofereça espontaneamente; separar os resíduos (lixo) de casa para reciclagem, mesmo não havendo coleta seletiva; fechar a torneira enquanto escova os dentes; esperar os alimentos esfriarem antes de guardar na geladeira; evitar deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados; desligar os aparelhos eletrônicos quando não estiver usando; planejar as compras (alimentos e roupas), entre outros.

O relatório “Perfil do Consumidor: Consumo Consciente”, publicado neste ano pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresentou que cerca de um terço dos brasileiros estão preocupados com os métodos de produção e entre 2013 e 2019, o número de brasileiros que pratica reciclagem e descarte correto de lixo aumentou, indicando uma maior conscientização da população.

O gráfico abaixo apresenta a disposição do consumidor a pagar mais por um produto ambientalmente correto. É possível notar que Independentemente da faixa de renda, 10% dos brasileiros optariam pelo produto ambientalmente correto mesmo que fosse muito mais caro. No entanto, a renda começa a ser relevante quando se trata de uma diferença de preço menor.


Fonte: Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2020)

Podemos observar que ainda existem alguns gargalos como o preço alto de produtos sustentáveis, a necessidade de mais informação sobre impactos ambientais e sociais do consumo, mudança nos hábitos da família e dificuldade para encontrar e entender mais sobre produtos sustentáveis.

A confiança e a transparência são fundamentais em todo o processo, pois é preciso entender a escolha da matéria-prima pelo fabricante, instalação da indústria, regime de trabalho e condições da produção e equipe, dentre outros aspectos de produção e comercialização.

Além dos impactos positivos no meio ambiente e na sociedade, o consumo consciente pode provocar maior capacidade de planejamento e economia, pois muitas vezes os produtos podem ser mais caros, mas a durabilidade é muito maior, ou seja, ao longo do tempo é possível gastar menos e comprar apenas o necessário.

Conhecendo o trabalho de ONGs que atuam na temática de consumo consciente

A ONG Parceiros do Mar é uma instituição paranaense fundada em 2012 que atua com a promoção de ações de proteção do oceano e dos ambientes costeiros em conjunto com a comunidade, em busca de um equilíbrio entre o ambiente e atividades socioeconômicas locais. Dentre as ações, destacam-se os mutirões de limpeza de praia, palestras em instituições de ensino e participação em eventos com o intuito de sensibilizar a população sobre os impactos da ação humana nos oceanos, buscando semear nos cidadãos a vontade de garantir a preservação dos ambientes costeiros e da vida.

De acordo com Paula Turra Grechinski, cofundadora da ONG, atualmente todas as ações da organização são voltadas direta ou indiretamente ao consumo consciente, seja em campanhas ou ações específicas. Como exemplo o incentivo à reutilização de copos e canudos ao invés do uso de descartáveis, divulgação de informações nas redes sociais sobre consumo consciente, palestras em empresas e instituições de ensino e mutirões de limpeza, que consistem em ações educativas para quem participa, além de promover o consumo consciente.

Outra ONG que atua diretamente na bom consumo consciente, que assim como a Parceiros do Mar também é parceira da FreeHelper, é a Juventude Lixo Zero. Em forma de um movimento internacional e independente, organizado por jovens e focado em integrar e capacitar nossa geração para um mundo mais sustentável por meio de ideias e práticas Lixo Zero, que como um todo convergem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU.

Mônica Gomes Schwartz da Silva, analista de projetos na organização, afirma que o grupo possui um calendário global de ações, onde para cada mês é designado um tema para facilitar a criação de eventos, cursos e conteúdos educacionais. Além disso, o grupo realiza mutirões de limpeza em praias, eventos voltados para a sustentabilidade e redução do plástico e projetos de reformulação de cooperativas de reciclagem em Florianópolis.

Texto escrito em parceria com Youth Action Hubs

Gabriela Maia
Engenheira Florestal
Engenheira Florestal e especialista em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente trabalha na Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) e participa com voluntária no Youth Action Hub (YAH), no desenvolvimento de projetos vinculados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)