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Árvores são riquezas naturais que precisam ser mais valorizadas

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21 de setembro de 2020

No Brasil, o Dia da Árvore é comemorado em 21 de setembro, data escolhida pela razão do início da primavera, que acontece logo em seguida, no dia 22 de setembro. A comemoração tem o objetivo de difundir diversos ensinamentos sobre a conservação das florestas e estimular a prática de tais ensinamentos, bem como divulgar a importância das árvores para a nação e no bem-estar dos cidadãos. Mais do que isso, o dia 21 de setembro deve ser visto como um dia de reflexão sobre nossas atitudes em relação ao meio ambiente, e mais especificamente a essa importante riqueza natural que são as árvores.

De acordo com o Relatório de Avaliação Global dos Recursos Florestais de 2020 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as florestas correspondem a quase 1/3 das terras mundiais, o que corresponde a cerca de 0,52 hectares de floresta para cada pessoa no mundo. O relatório ainda apresentou que 12% das florestas do planeta estão no Brasil, totalizando 497 milhões de hectares – sendo que 97% corresponde à vegetação nativa.

Outro estudo, a base de dados GlobalTreeSearch, apontou em 2019 a existência de 60.082 espécies de árvores no mundo, indicando também que o Brasil é o país com a maior diversidade, contemplando mais de 9 mil espécies.

Quando apresentamos esses números não temos entendimento da importância das florestas e árvores nas cidades e do impacto no nosso dia a dia, por exemplo. Quando falamos em árvores e florestas, temos que considerar as dimensões ecológica, social e econômica, se alinhadas elas potencializam o valor das árvores.

Em 2016, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicou um material apresentando os benefícios das árvores nos ambientes urbanos, sendo alguns deles:

• A implantação estratégica de árvores em contexto urbano pode resfriar a temperatura do ar entre 2ºC a 8ºC;
• As árvores de maior dimensão são excelentes filtros para os poluentes urbanos e para as partículas finas;

• As árvores mais antigas regulam o escoamento da água e melhoram a sua qualidade;

• Uma árvore pode absorver até 150 kg de CO2 por ano, sequestrando carbono e, consequentemente, mitigando as alterações climáticas;

• Certas árvores fornecem alimentos, como fruta, frutos secos e folhas comestíveis;

• Passar mais tempo junto de árvores melhora a condição física e mental ao aumentar o vigor e a capacidade de recuperação, ao mesmo tempo que reduz a pressão arterial e o estresse;

• O correto enquadramento dos edifícios com árvores promove reduções até 30% das necessidades em ar condicionado e economia em aquecimento entre 20 e 50%;

• As árvores proporcionam habitat, alimento e refúgio a plantas e animais, favorecendo a biodiversidade urbana;

• As árvores enriquecem a paisagem urbana, valorizando a propriedade em cerca de 20%.

Um case bastante interessante é o do Departamento de Parques e Recreação de Nova York – NYC Parks, que em 2016 mapeou praticamente todas as árvores da cidade. Além do mapeamento, foram disponibilizadas informações sobre as espécies e a importância de cada árvore nas esferas ambiental e econômica. Os benefícios da vegetação foram calculados utilizando fórmulas do Serviço de Florestas dos Estados Unidos.

Atualmente, as 692 mil árvores catalogadas geram benefícios ecológicos anuais como retenção de mais 1 bilhão de galões de água pluvial, economia de US$ 83 milhões de dólares em energia, redução de dióxido de carbono (CO2) de 1,2 milhões de toneladas e um valor total dos benefícios anuais de US$ 104 milhões de dólares. Os usuários do mapa ainda podem fazer solicitação de manutenções como podas, bem como adicionar os cuidados voluntários realizados nas árvores da cidade. No Brasil temos alguns projetos semelhantes, porém nas grandes metrópoles ainda não tivemos êxito de iniciativas como essa.

Outra iniciativa global é o Treepedia, um banco de informações criado por pesquisadores do MIT Senseable City Lab, em parceria com o Fórum Econômico Mundial. O Treepedia calcula o “índice de visão verde”, através de dados do Google Street View, que compreende na cobertura vegetal das cidades considerando apenas as árvores da arborização urbana e analisando a quantidade de verde percebida ao caminhar pela rua. As cidades com o maior índice de visão verde são: Tampa, nos Estados Unidos, com 36,1% e Cingapura, no sul da Malásia, com 29,3%.

No Brasil, de acordo com os dados do último Censo demográfico do IBGE, o qual avaliou a quantidade de árvores nas calçadas e canteiros dentro das cidades, a cidade mais arborizada é Goiânia – GO, seguida de Campinas – SP e Belo Horizonte – MG. Foi levantado que as regiões Sudeste e Sul são as mais arborizadas do país.


Fonte: Censo IBGE (2010), publicado por globo.com

Como já apresentado, os benefícios das árvores são inúmeros, mas, indo além dos já citados, as árvores proporcionam produtos madeireiros e não madeireiros. A madeira é um dos bens mais utilizados no cotidiano, ela está presente nos móveis, além de ser base para as fábricas de celulose, embalagens, produção de carvão e construção civil. Os produtos não madeireiros incluem o látex, óleos, frutos, resinas, entre outros, que são empregados na fabricação de diversos produtos como medicamentos e cosméticos.

As árvores também estão intimamente ligadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), aparecendo indiretamente e diretamente em metas dos seguintes objetivos: ODS 2: Fome Zero e Agricultura Sustentável; ODS 3: Saúde e Bem-Estar; ODS 6: Água potável e Saneamento; ODS 7: Energia Limpa e Acessível; ODS 8: Trabalho Descente e Crescimento Econômico; ODS 12: Consumo e Produção Responsáveis; ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima; ODS 14: Vida na Água; e ODS 15: Vida Terrestre.

A importância das árvores para preservação, conservação e produção é indiscutível. Cabe a nós a reflexão de como estamos cuidando e valorizando esse bem. Podemos estimular o plantio de árvores para recuperação de áreas degradadas, incentivar e zelar pelas espécies na arborização urbana, fomentar o uso de produtos renováveis, entre outras medidas. Existem diversos profissionais e instituições (Plant-for-the-Planet, TerraMatch, 1t.org, etc) envolvidos com doações e/ou plantio de árvores que podem apoiar tecnicamente na escolha da melhor espécie e do melhor local de plantio.

Texto escrito em parceria com Youth Action Hubs

Gabriela Maia
Engenheira Florestal
Engenheira Florestal e especialista em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente trabalha na Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) e participa com voluntária no Youth Action Hub (YAH), no desenvolvimento de projetos vinculados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)